POSTS RECENTES

2 de janeiro de 2012

dilemas da educação no ano novo - leia este texto

Feliz ano novo, triste educação velha


ENSINO
Estamos vivendo um período de intensas expectativas, pois a passagem de ano desperta nos indivíduos desejos e sentimentos que visam uma vida melhor, com melhores condições e oportunidades. Em nossa sociedade, condições e oportunidades são geradas pela educação escolar, comumente associada à capacidade de formar pessoas com senso crítico e profissionais qualificados, requisitos para a consolidação de direitos e a diminuição da desigualdade.

Contudo, a educação escolar tem se mostrado um grande problema. Os índices educacionais despencam a cada ano e a inércia dos governantes só contribui para a intensificação desse quadro que se apresenta à sociedade através de indivíduos diplomados com sérias deficiências de aprendizagem, muitos sequer dominam as competências básicas, se caracterizando como analfabetos funcionais. Se for verdade que a educação escolar pode reverter esse quadro, diminuindo as desigualdades sociais, por que então os chamados representantes do povo não tomam medidas enérgicas para torná-la de qualidade?

Isso não ocorre, primeiramente, porque a educação é uma importante ferramenta ideológica: quem a domina pode impor à sociedade formas de agir que se escondem por trás de uma “capa invisível” de neutralidade. Assim, para os atuais representantes (atuais há mais de 20 anos), “afundar” o povo na falta de informação é uma estratégia para que possam alcançar seus objetivos de se reproduzir no poder, sugando todas as benesses que este pode lhes oferecer.

Um exemplo do que tento demonstrar foi o Plano de Cargos e Carreiras (PCC) proposto pelo Governo do Estado e aprovado pela Assembleia Legislativa à categoria dos professores no fim de 2011, o qual, além de não atrair novos profissionais bem qualificados, ainda repele os que estão atuando nesse momento. Faça um teste simples: pergunte a um professor da rede estadual o que ele acha do novo PCC e se pretende continuar atuando como professor dessa rede nos próximos anos. Por favor, não se surpreenda com a resposta; você está sendo alertado.

É nesse contexto que vivemos a passagem de mais um ano, sonhando com tempos melhores, criando expectativas sobre um futuro mais igualitário para a humanidade, mas tendo como contraste uma realidade indigesta que mostra a concentração de riquezas aumentando (sim, somos um país rico!) e a desigualdade social pegando carona, tudo sendo visto de camarote pelo povo e com uma mãozinha de quem deveria lutar pelo bem comum, os governantes. Não faz mal sonhar: um próspero ano novo a todos nós!

Márcio Kleber Morais Pessoa
SociólogoFONTE: JORNAL O POVO - 02 de janeiro de 2012

Nenhum comentário: