POSTS RECENTES

17 de maio de 2012

UM TEXTO PARA REFLEXÃO E AÇÃO


ARTIGO 17/05/2012

A verdade de Rubem Alves

NOTÍCIA0 COMENTÁRIOS
Às vésperas das eleições municipais, destinadas ao preenchimento dos cargos de prefeito e vereador, o pensador e escritor Rubem Alves toma-se de coragem e declara algo que é instigante mas digno de acurada reflexão. Ele vai dizer alguma coisa sobre a qual se calou por muito tempo, ou seja, que tem medo de ouvir nas ruas a conhecida frase: “o povo unido jamais será vencido”.
Essa iniciativa corajosa de Rubem, na velhice, lembra o que Nietzsche já dizia: ”mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece”. E Alberto Camus acrescenta que “só tardiamente ganhamos coragem de assumir aquilo que sabemos”.

Rubem Alves faz uma curta análise histórica e demonstra que o povo, na realidade, não pensa. O indivíduo, ao contrário, é livre. Depois de lembrar o comportamento do povo hebreu no deserto e no episódio da condenação de Jesus, quando interrogado por Pilatos, Rubem rememora os acontecimentos populares que deram origem ao nazismo, bem como os fatos ocorridos durante a revolução cultural chinesa. Ali, como se sabe, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária.

Rubem Alves não faz uma apologia contra a democracia. Ao contrário, para ele seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e os interesses da coletividade, pois é sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. Em socorro dos seus argumentos, o teólogo protestante Reinhold Niebuhr observa que “os indivíduos, isolados, têm consciência e são seres morais. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas.”

Independentemente da aceitação ou não da tese do escritor brasileiro, a sua verdade nos chama à responsabilidade política, pois o Brasil, como outros países da América do Sul, está tomado por populistas que nos oferecem pão e circo, em detrimento de valores, constitutivos da nossa sociedade, que estão sendo destruídos. 

Pedro Henrique Chaves Antero
phantero@gmail.com
Professor de Ciências Políticas

Nenhum comentário: