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26 de fevereiro de 2011

REFLITA

COMO A ESCOLA ESTÁ LONGE DOS IDEAIS

Meu filho está no 6º ano do ensino fundamental. E, pela sexta vez, em disciplina da área de estudos sociais, teve de fazer um trabalho sobre a linha do tempo. É a tarefa que inaugura o assunto “o que é história”. Dessa vez, não mediu esforço: foi olhar o que fizera nos anos anteriores e apenas acrescentou o que aconteceu de novidade em 2010. Como mãe, intercalei a possibilidade dele reinventar a tarefa, respondê-la de forma diferente. Como educadora, observo o fenômeno em diferentes níveis e instituições de ensino. A mim, denota a ausência de criatividade docente, entendida aqui como a reinvenção do ensino. Ser criativo é reelaborar o método, possibilitando, por meio dessa interação, que o estudante reinvente o conteúdo. Acontece que, ao observar a repetição de estratégias em anos sequenciais, os professores não estão desenvolvendo metodologias mais próximas de si e dos discentes. Por exemplo, em escolas autodenominadas construtivistas, é fácil perceber a repetição de projetos por anos seguidos sem que haja apropriação do movimento que sabemos existir a cada nova turma/ano. Entendo que as metodologias de ensino são a materialização ou proposição de finalidades para o desenvolvimento dos estudantes, crianças ou não. Nascem de projetos maiores para a sociedade e destinam-se a incluir estes sujeitos na cultura. Assim, as teorias pedagógicas que preconizam a transformação social não conseguem enraizamento no cotidiano escolar, uma vez que epistemologicamente não provocam a redescoberta do tempo, do espaço e da força das interações com o conhecimento, dificilmente provocando a ação ou elaboração que radicalizem com a simultaneidade e massificação precursoras da escola moderna. Para que haja uma escola diferente é imprescindível que os sujeitos percebam de modo distinto o conhecimento, a sociedade, sendo capazes de deslocarem-se do plano individual, desenvolvendo uma educação integral que prime pela formação de valores éticos e morais, criando (e recriando) o ensino para a cidadania e autonomia, baseando-se nos princípios de justiça, igualdade e diversidade

BERNADETE PORTO  =  JORNAL O POVO EDUCAÇÃO

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