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AMBIENTE VIRTUAL

Ensino a distância alia tecnologia e educação

Publicado em 9 de outubro de 2011
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Alunos da Unifor têm uma estrutura montada para cursos de EaD. A instituição oferece 21 disciplinas de graduação, quatro cursos de extensão, três de pós-graduação e conta com um Núcleo de Educação a Distância que produz ações e atividades
NATINHO RODRIGUES
Instituições de Ensino Superior têm oferecido, cada vez mais, possibilidades de cursos com meios tecnológicos
Aliar as novas tecnologias ao ensino. Essa é uma maneira eficaz de aprendizagem por meio da educação a distância (EaD) que, além de ser tendência mundial, é também um recurso de incalculável importância para atender um público específico de pessoas que buscam se aperfeiçoar ou até mesmo se graduar, mas não têm condições de se deslocar de uma cidade para outra ou não possuem tempo de assistir às aulas.

Trata-se de uma educação de via dupla, em que professor e aluno utilizam meios para travar uma comunicação que não se resume apenas ao conteúdo programático das disciplinas, mas às interferências através de chats, fóruns de discussão e outras ferramentas. As universidades disponibilizam sistemas próprios que contêm todo o conteúdo das disciplinas e web aulas.

Os cursos contam com um professor tutor presencial e um orientador a distância. O primeiro é encarregado de prestar atendimento pessoalmente e o segundo, no meio virtual. Apesar de ser a distância, o Ministério da Educação (MEC) estabelece a obrigatoriedade de 20% de encontros presenciais. As avaliações estão nesta modalidade.

Instituições de Ensino Superior têm oferecido, cada vez mais, possibilidades de cursos a distância. No Brasil, de acordo com o Censo da Educação Superior do Inep, em 2009, eram 844 cursos de graduação. Foram 838.125 matrículas e 332.469 ingressos nesta modalidade de ensino. O Ceará registrou 6.142 ingressos e 12.719 matrículas, naquele ano.

A Universidade de Fortaleza (Unifor), que implantou o sistema de educação a distância em 1995, oferece 21 disciplinas de graduação, quatro cursos de extensão e três de pós-graduação. A Universidade conta com um Núcleo de Educação a Distância (Nead) que produz ações e atividades em EaD que possibilitam o desenvolvimento de projetos para educação, treinamentos a distância e apoio tecnológico.

A procura é muito grande. São seis mil alunos cursando disciplinas de graduação a distância na Unifor. Muitos desses, de outros Estados. Na pós-graduação, são 14 mil. A pretensão é introduzir cursos de graduação totalmente a distância. Os resultados são comprovados por meio dos índices de aprovação que, conforme o supervisor do Nead, Carlos Batista, são praticamente os mesmos dos cursos presenciais.

A jornalista Raissa Karen Leitinho Sales cursou Metodologia do Trabalho Científico na modalidade EaD na Universidade de Fortaleza. Raissa conta que a experiência foi boa, em primeiro lugar pelo conteúdo. A jornalista também aponta o contato com os ambientes digitais como outra vantagem. Quanto à validação, Raissa explica que não há preocupação dos alunos, porque as universidades que oferecem são reconhecidas pelo Ministério da Educação. "Não há diferença entre os cursos presenciais e os EaDs", comenta.

Para a professora de Direito Ambiental da Unifor Mary Lúcia Andrade Correia, o ensino a distância não tem mais como deixar de existir, porque é uma realidade em que o aluno é muito bem assistido pelo sistema. "Qualquer momento que ele entrar é atendido para tirar dúvidas e socializar os temas".

De acordo com a professora, o mais interessante dos cursos a distância é que as pessoas que têm dificuldades de se expressar nas aulas presenciais se sentem à vontade para colocar as dúvidas no meio virtual. Além disso, mesmo não havendo um contato físico, estabelece-se vínculo. Mary Lúcia destaca, contudo, que a responsabilidade duplica na modalidade EaD. "É o tipo de curso que depende do aluno. Se ele tiver direcionamento consegue levar bem".

Já a Universidade Federal do Ceará (UFC) oferece nove cursos de graduação a distância, desses, dois bacharelados e sete licenciaturas. São 6.400 alunos ativos e uma média de duas mil vagas. Mas há também cursos de especialização, pós-graduação e dois MBA´s corporativos. Os alunos da UFC têm à disposição infraestrutura dos polos de apoio presencial.

Público alvo
O coordenador adjunto da Universidade Aberta da UFC, Henrique Pequeno, revela que o público alvo da universidade são pessoas em situação financeira difícil que não têm condições de se deslocar. "Elas não se sentem atendidas pela oferta regular da universidade". Segundo o professor, os resultados são claros no ingresso dos alunos ao mercado de trabalho e em concursos. "Mesmo sendo cursos pautados na tecnologia, a coisa é feita com a preocupação na usualidade. O profissional já sai afeito ao mundo virtual, com proatividade e autonomia".

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) teve o seu primeiro programa de EaD em 1996 com a oferta do Programa Especial de Formação Pedagógica, dirigido para bacharéis que já exerciam atividades de magistério. Hoje, são oito cursos de graduação, três especializações e um mestrado, com polos em 11 cidades. A proposta é ampliar a oferta dos cursos de graduação e pós-graduação.

Ead em números
6.142 pessoas ingressaram em cursos de educação a distância de graduação no Ceará, em 2009. Com relação às matrículas, foram 12.719, segundo o Censo da Educação Superior do Inep.

844 Cursos de EaD eram oferecidos por instituições de Ensino Superior no Brasil, em 2009. Neste ano, foram 838.125 matrículas e 332.469 ingressos nesta modalidade de ensino.

Orientações
A universidade deve estar formalmente autorizada pelo MEC no caso de cursos superiores

Consultar, no sistema de busca do MEC, os pontos de atendimento aos estudantes (polos) que sejam regulares: www.siead.mec.gov.br

Verificar no MEC a instituição responsável, sua idoneidade e reputação, bem como dos coordenadores e professores do curso.

Consultar estudantes da universidade para averiguar se há algum problema na oferta dos cursos.

Visite o polo de apoio presencial onde você participará das atividades presenciais obrigatórias, veja se o ambiente é apropriado, se possui biblioteca e laboratórios (se o curso exigir).

Solicite informações sobre a estrutura de apoio oferecida aos alunos (suporte técnico, apoio pedagógico, orientação acadêmica, etc).

Para o caso de cursos que conferem titulação, solicite cópia ou referência do instrumento legal (credenciamento da instituição e autorização do MEC) no qual se baseia sua regularidade.

SEM INOVAÇÃO

Especialistas em educação apontam falhas no EaD
Para o mestre em Educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, o ensino a distância não vai bem no Brasil. "O índice de evasão é altíssimo, chegando a 70%", argumenta. Além disso, o professor ressalta que o currículo é pré-estabelecido, e não inovador. "O EaD não inova só porque usa tecnologia. A modalidade não criou novas formas de aprender. O aluno não participa da escolha do conteúdo", opina.

Outro problema apontado por Ribeiro é que 70% dos cursos ofertados são em licenciatura. "Com isso, a formação fica voltada para professor. E os bacharelados, que são mais procurados, não são oferecidos?", questiona. Ele acrescenta que, para que os cursos funcionem bem, o aluno precisa ter autonomia, ser autodidata e ter espírito de pesquisa capaz de investigar, o que nem sempre acontece, daí o altíssimo índice de desistência. Para o especialista, o ensino a distância precisa ser repensado, mas tem a possibilidade de evoluir para algo bem-sucedido. "A ressalva que faço é que o EaD elimina o professor do processo. Precisamos de conteúdos menos decorativos e com mais reflexão", explica.

O coordenador do Laboratório de Pesquisa Multimeios da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Hermínio Borges Neto, endossa as palavras de Ribeiro. Para ele, o ensino a distância tem as mesmas falhas do telensino implantado em 1974 no Ceará: a utilização do conteúdo tradicional e a abolição da figura do professor, que é substituído pelo orientador de aprendizagem. Segundo o coordenador, falta metodologia e a incorporação dos cursos à tecnologia. "O material usado é puramente analógico. Não se procura agregar vídeos, nem softwares e nem imagens". Fora isso, ele pontua que não são levantadas questões novas. Mas o coordenador destaca que o EaD tem como evoluir. "Temos exemplos que deram certo".

LINA MOSCOSO
REPÓRTER
FONTE: JORNAL DIÁRIO DO NORDESTE.

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