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10 de fevereiro de 2011

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Educar é dar limites
Está provocando debates nos Estados Unidos o livro escrito pela professora de Direito da Universidade de Yale, Amy Chua, de origem asiática, que relata sem subterfúgios os métodos disciplinares rigorosos e extremados por ela utilizados na educação de suas duas filhas. O volume de memórias intitulado Battle Hymn of the Tiger Mother (Hino de Batalha da Mãe Tigre) ainda não foi lançado no Brasil, mas alguns conteúdos antecipados pelo caderno Donna do último domingo merecem reflexão por parte das famílias brasileiras.

Aqui, como nos Estados Unidos e na maioria das sociedades ocidentais, a educação dos filhos tornou-se um verdadeiro dilema para pais e mães — invariavelmente hesitantes entre os extremos da repressão castradora e da permissividade total. Evidentemente, o assunto é mais complexo, mas não é raro que a insegurança de alguns pais propicie espaço para a existência de jovens individualistas, arrogantes e desajustados. Basta consultar professores de qualquer nível de ensino no país para que se tenha uma ideia da dimensão do problema.

É nas escolas que os acertos e erros da educação familiar mais se evidenciam, pois as crianças e adolescentes passam a conviver com desconhecidos e a se submeter a regras coletivas. Amy Chua exigiu das filhas aplicação total aos estudos, notas 10 como as únicas aceitáveis e nenhuma margem para festas e visitas às amigas. Fez mais: obrigou-as, ainda meninas, a aprender a tocar um instrumento musical de certa complexidade (piano ou violino).

Num dos episódios relatados no livro, a filha caçula, então com sete anos, não conseguia tocar uma peça ao piano, depois de ter ensaiado com a mãe por uma semana, e quis desistir. A mãe acusou-a de preguiçosa, ameaçou deixá-la sem almoço e sem festa de aniversário e inclusive de doar suas bonecas favoritas, até que a menina executou a tarefa. O que para muitos parece uma tortura, para a mãe foi apenas uma forma de mostrar que esforço e persistência dão resultado.

Muitos leitores do livro estão protestando, horrorizados com os métodos empregados pela mãe para impor disciplina às filhas. Outros, porém, elogiam sua determinação e dizem que gostariam de ter tido pais assim. As meninas, atualmente com 18 e 15 anos, são bem-sucedidas nos estudos e defendem os procedimentos da mãe. Especialistas, porém, acham que a cobrança demasiada não ajuda na boa educação, mas reconhecem que a imposição de limites é essencial.

O grande mérito do livro da mãe-tigre é colocar em pauta um tema que pais e educadores nem sempre enfrentam com coragem e seriedade. Quanto a seguir sua orientação, ou contrariá-la, cabe a cada família, pois a educação das crianças é direito e dever dos pais. Porém, não pode haver dúvida de que o propósito a ser alcançado é a felicidade dos jovens. E o melhor caminho para se atingir este objetivo pode ser resumido em dois princípios que não são contraditórios: amar de verdade e fixar limites.

É responsabilidade intransferível dos pais a fixação de limites para o comportamento dos filhos, mas também esta ação tem os seus próprios limites. Educação não é repressão, mas também não é permissão para tudo. O ponto de equilíbrio é que tem o poder de transformar crianças em adultos felizes e solidários.

DIÁRIO CATARINENSE

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