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27 de novembro de 2011

UMA REFLEXÃO POLÍTICA SOBRE GREVE E GOVERNO - LEIA E TIRE SUAS CONCLUSÕES

Do jogo político

Desde o primeiro semestre presenciamos um grande jogo político envolvendo os professores estaduais e o governo. Gostaria de fazer breve análise sobre esse cenário e de como o jogo político pode sofrer reviravoltas e ser manipulado por quem detém mais poder.
Primeiramente, ressalto que greve é um importante instrumento de luta do trabalhador (quiçá, o único), mas, também, é um instrumento muito polêmico, visto, geralmente, com maus olhos pela sociedade, pois há uma extrema criminalização dos movimentos sociais no Brasil. Antes de serem vistos como trabalhadores lutando por direitos e melhorias, são vistos como vândalos e desordeiros, herança de um regime político opressor.
Por conseguinte, a sociedade cearense presenciou, nos últimos meses, a maior greve já realizada “por essas bandas”, com cobertura ampla da mídia e bastante organização por parte dos professores, que convocaram pais, alunos e sociedade civil a debaterem o movimento nos chamados Zonais. Ademais, vimos como um governo que se intitula democrático trata o professor: espancando fisicamente e humilhando através das palavras. Mas isso não passou despercebido pela sociedade, principal alvo do jogo político, quem “mexe os pauzinhos”. Não foi à toa que o movimento ganhou mais força, tendo apoio e simpatia da grande maioria dos cearenses, algo, digamos, novo. Mas o jogo político não acontece somente no palco, também há os bastidores. Foi assim que a reviravolta começou: os professores estavam no ápice de sua força política na disputa quando o sindicato da categoria (que não joga junto com a mesma, preferindo as cartas do governo), de forma no mínimo bizarra, numa assembléia desastrosa, decretou a suspensão da greve para negociações.
Isso me faz realizar um questionamento: é sensato sair de uma luta quando se está mais forte? Pergunto-me isso porque no prazo de “negociação” o governo conseguiu a reviravolta: veiculou propagandas com números questionáveis na TV, buscando jogar a população contra o movimento; reuniu gestores escolares para sondar os ânimos dos professores e pedir apoio; divulgou um tal de “maior aumento do Brasil em 2011”, sendo que a luta dos professores é por um PCC digno, entre outras ações. O jogo político se faz assim: aproveitam-se as oportunidades. O governo soube, já os professores...
Sobre a sensatez, penso que teremos respostas em breve, pois presenciaremos mais um capítulo desse jogo: nova assembleia, que poderá decretar nova greve. Agora, os professores vão ter que pesar a seguinte situação: aceitam a proposta de PCC do governo que não atende suas expectativas e decreta várias perdas, encerrando temporariamente o jogo, ou decretam nova greve e se submetem a novo julgo da opinião pública, que foi e será bombardeada por várias informações questionáveis e “verdades prontas”, podendo desgastar a categoria e aumentar a força do governo?

Márcio Kleber Morais Pessoa, sociólogo.

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