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6 de fevereiro de 2011

LEIA E FAÇA ALGO

CANSEI, CANSEI, CANSEI!


Paga-se a um deputado federal, entre salário e benefícios, cerca de R$ 60 mil para ele comparecer por algumas horas ao Congresso, fazer nada ou até mesmo dizer algumas bobagens e votar visando apenas interesses políticos.
Paga-se para um professor primário a miséria de cerca R$ 1 mil, que abatidos os descontos dá uns R$ 850 para ele trabalhar oito horas por dia em classe e mais umas quatro ou cinco horas em casa para preparar as aulas.
Aposentadoria do professor? Uma merreca, depois de 35 anos de trabalho.
Aposentadoria do deputado? Integral, depois de dois mandatos, oito anos.
O que seria mais importante para o País, um deputado gazeteiro, corrupto e descompromissado com o povo ou um professor dedicado, honesto e tendo como objetivo ensinar nossas crianças a serem bons brasileiros?
Dadas as respostas lógicas, por que dar um aumento de mais de 60% a quem já ganha salários astronômicos para um país ainda pobre e menos de 6% para o trabalhador?
Qual o valor maior do trabalho de um deputado, dos que trabalharam, em relação ao trabalho de um professor ou de um simples trabalhador, que justifique tamanha diferença na sua remuneração?
Perdemos a vergonha de ter vergonha.
Perdemos a vontade de ter vontades.
Perdemos o ânimo de ter ânimo.
Perdemos a coragem de ter coragem.
Perdemos a noção do que é ter noção.
Deixamos-nos transformar em bois tocados a vara.
Como uma naja, fomos hipnotizados pelo canto político.
Como ratos, corremos atrás do toque da flauta.
Como formigas, carregamos um peso muito maior que nós mesmos só para agradar à rainha.
Que orgulho humano ver aquele povo do Egito apanhando, batendo, quebrando a cabeça, mas indo em busca do ideal, da liberdade e pondo fim à ditadura. E nós, por aqui, mansinhos, na doce ilusão de uma democracia que mata de fome os que querem ser honestos e trabalhar e enche as burras dos corruptos e aproveitadores da mansidão popular.
Vou mudar de profissão. Vou ser político, que é no Brasil a melhor e mais lucrativa profissão.

Odair Picciolli pedraseartes@suednet.com.br
Extrema (MG)
Retirado da coluna de opinião do Jornal www.estadao.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por colocarem este meu comentário, que na verdade é um desabafo, pois também sou professor.

Que saudades do tempo em que ser professor era uma honra, ser respeitado era uma obrigação, ser reconhecido por nosso trabalho era um prazer. Hoje o professor apanha até de alunos.

Odair Picciolli