Opinião: A escola pública no Brasil
Artigo de Elias Januário comenta as ideias e a trajetória do educador Anísio Teixeira
* Elias JanuárioCaríssimo leitor, oportunizando este significativo espaço dedicado para assuntos educacionais, com o intuito de refletir sobre a trajetória de alguns dos grandes pensadores mundiais da Educação, buscando com isso socializar o conhecimento e aprofundar as teorias educacionais, entre elas a nacional.
Hoje vamos falar de Anísio Teixeira, educador que nasceu na Bahia em 1900, onde cursou seus estudos secundários. Depois foi para a o Rio de Janeiro onde graduou em Direito, viajando em seguida por vários países da Europa e da América Latina, com o propósito de conhecer os sistemas de ensino desses países.
Anísio Teixeira ao longo de sua atuação como educador propôs e executou importantes medidas para democratizar o ensino brasileiro e foi um árduo defensor da experiência do aluno como base do aprendizado.
Anísio defendia a escola pública em tempo integral para professores e alunos, onde deveriam ser cuidados desde a higiene e a saúde até a formação para a cidadania dos estudantes. Para ele, este ensino público deveria ser articulado numa rede até a universidade.
Esse modelo foi inspirado nas escolas norte-americanas onde as crianças têm uma jornada de tempo integral. Anísio procurou adaptar à realidade brasileira, mas a realidade de recursos financeiros em nosso País tornou o sonho um tanto difícil e até impossível.
É considerado no Brasil o principal idealizador das grandes mudanças que marcaram a Educação brasileira no século XX, onde trabalhou para a implantação das escolas públicas em todos os níveis no País, o que refletia o seu anseio em oferecer Educação gratuita a toda a população brasileira.
Anísio foi um educador marcado pela atitude de inquietação permanente diante dos fatos, considerando a verdade não como algo definitivo, mas que se busca continuamente, afirma a professora Maria Cristina Leal, uma profunda conhecedora de Anísio.
Para o educador Anísio, a escola tinha como responsabilidade primordial educar no lugar de instruir, formar homens livres em vez de homens dóceis, ensinar a viver com mais habilidade e inteligência, mais tolerância e felicidade.
Nessa perspectiva, na escola não se aprende apenas ideias ou fatos, mas também atitudes, ideais e senso crítico, e essa deve ser uma das funções da escola, na concepção de Anísio. Com isso, numa escola com essas concepções, estudo é o esforço para resolver um problema, e ensinar é guiar o aluno em uma atividade.
Anísio concebia a disciplina como ato de pensar com discernimento, com clareza, querer com firmeza, agir com segurança.
Em uma escola que prima pela democracia, professores e estudantes devem trabalhar em liberdade, estabelecer entre si a confiança mútua, onde o professor deve incentivar o estudante a pensar e julgar por si mesmo.
Democracia, essencialmente, é o modo de vida social em que cada indivíduo conta como pessoa, dizia Anísio. Só dessa forma, os professores tentarão renovar a humanidade para a grande aventura da democracia.
* Elias Januário é doutor em Educação, professor de Antropologia da Unemat e escreve às sextas-feiras em A Gazeta.
E-mail: eliasjanuario@terra.com.br
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