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13 de novembro de 2009

TEORIA DO CAOS E EDUCAÇÃO

A TEORIA DO CAOS E A EDUCAÇÃO

Moisés Pereira Alves

Introdução

Por muito tempo a Teoria do Caos vem auxiliando a matemática, filosofia e a ciência moderna na busca de respostas a fatos e eventos que ocorrem e/ou ocorreram no mundo. A teoria do caos é conceituada como um campo avançado e moderno da matemática que está cada vez mais se difundindo. Ela se dedica às análises de sistemas dinâmicos não-lineares cujo comportamento é fundamentalmente aleatório e imprevisível. A matemática do caos utiliza-se dos estudos qualitativos para investigar, através de modelos matemáticos, os fenômenos naturais que surgem no universo. Os conjuntos de eventos encadeados e aparentemente simples podem, em longo prazo, vir a ser imprevisíveis. A incapacidade humana em compreender com profundidade as várias situações do mundo real como: os sistemas aperiódicos, característicos da natureza (variações na bolsa de valores, fenômenos de turbulências, mudanças meteorológicas, crescimento de pragas, evolução populacional, etc.) é o que leva julgar que existe desordem dentro do domínio do caos. Se analisarmos a educação pública brasileira pela concepção do Caos, poderemos compreender eventos e chegar à ordem universal que o Caos propõe; pois a intenção de estudar esta teoria é para compreendermos melhor a natureza desses casos nas mudanças, e possibilitar nossa intervenção em momentos adequados.

Sendo assim, vamos juntos analisar este texto e tentar focar nossa visão filosófica nas mudanças da educação brasileira.

Abstract

For a long time the Theory of the Chaos is aiding the mathematics, philosophy and the modern science in the search of answers to facts and events that hav been happenning in the world. The theory of the chaos is considered as an advanced and modern field of the mathematics that is more and more diffusing. It is devoted to the analyses of no-lineal dynamic systems whose behavior is fundamentally aleatory and unexpected. The mathematics of the chaos uses of the qualitative studies to investigate, by mathematical models, the natural phenomena that appear in the universe.

The groups of chained events and seemingly simple they can, in long period, to become unexpected. The human incapacity in understand deeply the several situations of the real world as: the systems aperiodics, characteristic of the nature (variations in the stock exchange, phenomena of turbulences, meteorological changes, growth of curses, population evolution, etc.) it is what takes to judge that disorder exists inside of the domain of the chaos. If we analyze the Brazilian public education by the conception of the Chaos, we will can understand events and to find the universal order that the Chaos proposes; because the intention of studying this theory is for us to understand the nature of those cases better in the changes, and to make possible our intervention in appropriate moments.

There before, we going together to analyze this text and try to focus our philosophical vision in the changes of the Brazilian education.

Caos e Educação

A aprendizagem não pode mais ser encarada de maneira linear e determinista, na qual apresenta-se ao aluno um conceito científico (muitas vezes, fora de um contexto) através de um método estático preestabelecido para a obtenção de um certo conhecimento, que seria diretamente proporcional ao número de aulas assistidas. Para quebrar este paradigma vigente, filósofos e cientistas da cognição sugerem um novo cenário epistemológico no debate sobre a educação. Segundo Howard Gardner (1995), as pessoas têm forças cognitivas diferenciadas e estilos cognitivos contrastantes, e portanto, a ênfase dada às inteligências lógico-matemática e lingüística pelos métodos convencionais prejudica a aprendizagem de boa parte dos alunos.

Pedro Demo (2002) e Edgar Morin (2000), buscam conceitos que vão além das disciplinas tradicionais para se explicar o processo, a dinâmica do aprendizado, encontrando suportes nas teorias transdiciplinares do caos e da complexidade.

Caos é uma palavra grega, khínein, que significa abismo. Passagens como estas podemos encontrar em vários livros de literatura, sempre se dirigindo à palavra “caos” como desordem, confusão, abismo, etc. Alguns pensadores como Platão, Aristóteles, Euclides, Pitágoras, entre outros organizaram esse caos insistindo na estabilidade e equilíbrio da Natureza. A ciência clássica assim regida por leis determinísticas era capaz de determinar os fenômenos naturais que podiam ser previstos sempre, onde o passado e o futuro representam o mesmo papel, tornando-se a ciência da certeza e acreditando que a suprema glória da razão humana está ligada à possibilidade de atingir essa certeza, escreveu Ilya Prigogine, para ele o acaso era considerado fruto da ignorância, e o avanço do conhecimento o eliminaria progressivamente.

Se analisarmos o caos não como desordem, mas, como a estrutura inicial da construção da ordem, então podemos dizer que uma mudança de paradigma faz sentido, em nosso sistema de saúde, educação e político. Muitos cientistas estão apostando nesse novo sentido para a ciência. A ciência moderna caminha para essa mudança e as descobertas mais recentes se encaixam como um quebra-cabeça. A Natureza é complexa e não se limita às Leis de Newton ou às Leis de Kepler ou a qualquer lei que transforme os fenômenos naturais em estáveis e determinados. Podemos prever o local exato da queda de uma folha? Talvez as condições do tempo para um longo período?

A educação brasileira vem passando por momentos delicados, “caóticos” em alguns casos; mas se refletirmos acerca da quebra de paradigmas, repensarmos a educação num olhar científico-filosófico perceberemos então que o caos da educação pode se tornar Ordem universal; basta buscarmos o conhecimento. Levantar esta discussão em grupos de estudo, levar inovações à sala de aula, como propõem Demo e Morin, levando em conta as inteligências dos seus alunos descritas por Gardner, fará como que o estado de ordem se manifeste em sua sala de aula e depois escola.

Na Bíblia, livro de Gênesis capítulo 1, o escritor narra que Deus veio a Terra e encontrou trevas sobre o caos (abismo), logo em seguida Deus ordenou que houvesse luz e assim aconteceu; depois separou as águas da terra. Se fizermos uma analise filosófica desse texto, perceberemos que onde havia trevas, foi dada luz (conhecimento), depois através do conhecimento passou-se a separar o que antes estava misturado (arrumar a bagunça), e assim o caos se tornou em ordem.

È assim na escola; vamos organizar tudo que podemos e que não podemos utilizar em nossa sala com nossos alunos, reorganizar conteúdos e práticas pedagógicas. Existem métodos que não são úteis para alguns, talvez para outros, mas no contexto escolar cada escola é como uma pessoa, tem sua própria personalidade, perfil. Assim, independente do ambiente a que a escola está inserida, existem práticas que são fundamentais a todas, são de grande valia na construção do conhecimento dos educandos e algumas delas podem ser os métodos inter e transdiciplinar.

O termo Transdiciplinaridade foi criado por Piaget e retomado por inúmeros pensadores nas ultimas décadas: Edgar Morin, Stephane Lupasco, Ubiratan D’Ambrosio e muitos outros. Segundo Frederic Litto e Maria F. de Mello, coordenadores do Centro de Interdisciplinaridade da Escola do Futuro da USP:

A Disciplinaridade permitiu o exercício da Pluridisciplinaridade, também chamada Multidisciplinaridade, que diz respeito ao estudo de um objeto de uma única disciplina por diversas disciplinas ao mesmo tempo e da Interdisciplinaridade que diz respeito à transferência de métodos e conceitos de uma disciplina à outra. Tanto a Multidisciplinaridade, como a Interdisciplinaridade, mesmo quando exercidas com extrema competência e sucesso – o que é necessário, louvável e de grande importância à Sociedade e ao Ser Humano, porém jamais suficiente -, inscrevem-se em um nível de linearidade disciplinar e dizem respeito a um único nível de realidade. Citando Basarab Nicolescu, físico quântico da Universidade de Paris: “Entendo por realidade aquilo que resiste a nossas experiências, representações, descrições, imagens. (...) É preciso entender por nível de Realidade um grupo de sistemas que permanece invariável sob a ação de certas leis”.

A Transdiciplinaridade engloba e transcende o que passa por todas as disciplinas, reconhecendo o desconhecido e o inesgotável que estão presentes em todas elas, buscando encontrar seus pontos de interseção e um vetor comum. A palavra Transdisciplinaridade foi usada pela primeira vez em 1970, por Piaget, quando, em um colóquio sobre Interdisciplinaridade, disse “... esta etapa deverá posteriormente ser sucedida por uma etapa superior, transdiciplinar”.

O ponto de reflexão que buscamos atingir está ligado à interlocução, freqüentemente abandonada, entre o saber construído a partir de referenciais locais de percepção/observação -criados no seu espaço vivencial mais próximos: físico, social e cultural - e o saber transmitido pela escola que, muitas vezes, é tomado unicamente a partir de aspectos teóricos e cálculos matemáticos, distanciando-se daqueles referenciais. Este círculo vicioso subsidia a manutenção das estruturas sociais, na medida em que a educação formal tem assumido o papel único de transmissora de conceitos estabelecidos e de valores a eles incorporados - por oposição ao diálogo e construção de saberes - selecionando pessoas aptas a dar prosseguimento a esse processo. Acreditamos que para uma formação global da criança seja importante percebê-la na sua relação com o seu meio natural e social, buscando compreender suas idéias, sentimentos, representações de mundo. É nesse sentido que estamos (re)pensando a teoria do caos numa perspectiva de reconstrução da escola. Nas nossas interpretações da leitura do mundo da criança, a Matemática está em relação profunda com as demais áreas do conhecimento, visando à compreensão do mundo das vivências da criança. Parece-nos inaceitável, dentro dessa visão, a separação, a repartição do conhecimento infantil do mundo em áreas estanques do conhecimento acadêmico. Reformular este “caos escolar” é proporcionar um novo “éden acadêmico”, tarefa árdua, muitas vezes sem horizonte, mas que compensará a todos, no final dos seis dias de recriação (do Gênesis) da escola brasileira.

Como diria Durkhein, o objetivo da educação não é o de transmitir conhecimentos sempre mais numerosos aos alunos, mas o “de criar nele um estado interior e profundo, uma espécie de polaridade de espírito que o oriente em um sentido definido, não apenas durante a infância, mas por toda a vida”(1890, p.38 / Morin, 2002 p. 47).

Bibliografias

BRIGGS, J; PEAT, F. A sabedoria do caos: sete lições que vão mudar sua vida. Rio de Janeiro, Campus, 2000.

DEMO, P. Complexidade e aprendizagem: A dinâmica não linear do conhecimento. São Paulo, Atlas, 2002.

GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre, Artes Médicas, 1995.

MORIN, Edgar. A cabeça bem feita: Repensando a Reforma, Reformando o Pensamento, ed. 7; Bertrand. Rio de Janeiro, 2002.

Publicado em 04/03/2004 09:59:00 - www.psicopedagogia.com.br

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