Não somos mal-educados. Somos subdesenvolvidos
Fonte: O POVO Online/OPOVO/Opinião
Em um artigo publicado dia 31/1, nesse jornal, o nobre professor Joaquim Celestino propõe tratar a gestão do trânsito e do espaço viário de Fortaleza como uma questão de ciência e tecnologia. Ótimo! Mas, infelizmente, será mais uma contribuição perdida feito “espumas ao vento”. Como diria o já citado compositor paraibano Flávio José cantado na voz de Raimundo Fagner.
Literatura, artigos (alguns desse humilde contribuinte), diversos trabalhos acadêmicos publicados e disponíveis. Experiências bem-sucedidas e outras nem tanto também estão ao alcance de todos que de alguma forma são responsáveis em dar respostas à população.
Mas afirmo quase de má-fé: vai piorar muito. Simplesmente porque chegamos ao subdesenvolvimento pleno. Ou seja, é o subdesenvolvimento com todas as suas características atuais.
As ações públicas são por conveniências e não por convicção. Não se considera fazer primeiro o simples e que está ao alcance das possibilidades. Como sempre diz Fábio Campos em sua sempre brilhante coluna: não se pune a mais comezinha das práticas delituosas. Pensa-se em grandes projetos sem os devidos recursos necessários estarem alocados e disponíveis. A frota de veículos e motos continuará aumentando inundando o esgotado espaço viário e os corredores do Instituto Dr. José Frota. Os ônibus abarrotados de pobres continuarão pedindo licença para trafegar dividindo espaço com uma elite que, como subdesenvolvida, considera que o espaço público não tem dono. As suspeitas festas populares continuarão atazanando a vida de quem tem o direito de não participar e manter seu ir e vir. E como afirma nosso poeta maior Fausto Nilo: “a técnica continuará sendo desprezada”.
Sinceramente, como cidadão, não vejo nenhum movimento contrário que nos devolva uma esperança de vida solidária na divisão do espaço público urbano.
E a Regina Ribeiro nos chamou apenas de mal-educados. Eu nos chamo de subdesenvolvidos.
Paulo Porto - Geógrafo e empresário
pauloportolima@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário