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"TURMA 1901" A escola ideal em questão Por Francisco Djacyr Silva de Souza em 21/12/2010

O quadro do Fantástico, da Rede Globo de Televisão, é uma oportunidade importante para discutirmos os rumos da educação brasileira e compreender os dilemas, sonhos e dúvidas que muitos jovens que buscam a escola estão passando e quais os problemas que a escola e os professores têm de enfrentar diante dos dilemas de uma sociedade moldada por um sistema que, às vezes, transforma as pessoas em mercadorias e leva muitos a terem seus comportamentos influenciados pela mídia, pela moda e pelos ditames de uma sociedade moldada pelo consumismo. "Turma 1901" é uma oportunidade vital pra discutirmos a educação brasileira e o papel dos educadores diante da enxurrada de influências do sistema em vigor junto aos jovens, que hoje são iludidos por uma lógica de consumismo e por uma porção de valores que acabam transformando a escola em valor secundário em suas vidas. A expressão de ação dos personagens desta história real tem mostrado que nossas escolas públicas passam por problemas que não estão relacionados à materialidade de salários e condições de trabalho, mas a processos que fazem com que a escola seja sempre colocada em segundo plano diante das várias necessidades de nossas comunidades e do povo, que tem muitas coisas negadas para a sua sobrevivência. É preciso que discutamos a escola que temos e entendermos o porquê de tantos governantes não darem a ela o valor devido, pois sabemos que um grande percentual de administradores públicos não faz a educação como deveria ser feita, pois para que povo educado, instruído e conhecedor de seus direitos? A juventude é tragada pela quase total falta de responsabilidade de governos, sempre ávidos a se adaptarem ao sistema, que negam educação de qualidade para o povo. Um respeito que vem sendo pisoteadoNos episódios em questão, vemos sempre uma espécie de falta de interesse dos jovens pelo estudo mesmo com métodos e ações da professora que tem um trato especial pelos alunos, sempre amiga, companheira e descontraída, mas não conseguindo sempre a contento garantir estudo, interesse e participação. Claro que vemos ali muitos sonhos, muitas dúvidas, muitos problemas, mas vemos que o papel dos educadores tem sido fundamental para os jovens, pois o companheirismo do professor é importantíssimo para a vida de jovens e adolescentes. O que seria da educação se não fosse a coragem desbravadora dos educadores que estão sempre ali, mesmo com salários aviltantes, mesmo com descaracterização do papel da escola, fazendo educação aos trancos e barrancos? Os episódios deste quadro do Fantástico são oportunidades vitais para mostrar ao povo a importância da educação e seria importante que se aproveitasse o momento para discutir, entre outros problemas, como condições de trabalho dos educadores, a importância da escola para a sociedade e a necessidade de salários dignos para os professores, que têm sido humilhados pelos governantes e desprezados por uma parte grande dos parlamentares, que não entenderam, ou fingem não entender, a importância da educação para o desenvolvimento do país e que só é possível a partir da construção de um processo de qualidade da educação e de valorização de todos aqueles que estejam direta ou indiretamente envolvidos no processo como um todo. Esse quadro do Fantástico deveria servir de exemplo para debates e discussões sobre educação de qualidade, o que só é possível com condições mínimas de trabalho e com a valorização dos seres humanos que são professores e alunos que, como todos, têm problemas e precisam superá-los para desenvolver um processo de ensino – aprendizagem que só é possível a partir de uma escola que compreenda os dilemas de seus personagens de forma a fazer da educação um momento de construção do conhecimento, o que só existe se houver interesses em cumplicidade e processos em comunhão. A educação que temos hoje não é assim, pois nossos governantes têm negado aos professores a dignidade necessária para se desenvolver, visto que o processo de formação dos educadores e a pouca atratividade da profissão não leva aos professores estímulo para uma profissão que é digna e merece um respeito que, infelizmente, vem sendo pisoteado pelos políticos de plantão. publicado originalmente no site www.observatoriodaimprensa.com.br