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6 de dezembro de 2010

o plágio na pesquisa científica

Professores da UnB debatem plágio na pesquisa científica

UnB Agência 
UnB já recebeu quatro denúncias de trabalhos copiados de outros autores. Legislação não define punição específica
São comuns as propagandas que prometem desenvolver monografias de final de curso em troca de dinheiro. Além do crime de falsidade ideológica, alunos preguiçosos podem incorrer em outra ilegalidade: o plágio. Esse tipo de serviço não garante a originalidade do trabalho e o verdadeiro autor poderá descobrir que foi plagiado.

Professores da UnB discutiram o plágio na quarta-feira (1/12) no Instituto de Química. Eles afirmam que a prática é comum também em cursos de mestrado e doutorado e que instituições de ensino e de fomento à pesquisa não atuam como deveriam para coibir a prática, o que implica em impunidade em muitos casos.

“Ocorreu um caso na Universidade de São Paulo de plágio em 2008", conta o professor José Garrofe Dórea, do departamento de Nutrição. "Eu enviei uma carta aos presidentes do CNPq e da Capes questionando que procedimento eles adotariam em casos semelhantes. A Capes ficou em silêncio e o presidente do CNPq, na época, enviou uma carta dizendo que esperava a Polícia Federal agir”. José afirma que ocorreu um caso na UnB de compra de dissertação que foi identificado, mas não houve punição. “Até hoje a pessoa carrega o título de mestre.”

Para Peter Bakuzis, professor do Instituto de Química, o principal problema está na permissividade e tolerância dos brasileiros com o tema. Um exemplo é a 1ª Conferência Mundial sobre a Integridade de Pesquisa, que ocorreu em 2006 em Lisboa. Não houve a participação de nenhum representante oficial do Brasil. “O que estamos fazendo hoje é para despertar nos nossos alunos essa preocupação de como é o jogo lá fora. Nós publicamos em inglês e precisamos estar atentos”, afirma. Ele conta que, nos Estados Unidos, a punição para o plágio pode chegar à prisão, enquanto o Brasil ainda não tem uma conduta definida.

Denúncias

A Comissão Disciplinar Permanente da UnB recebeu quatro denúncias de plágio nos últimos seis anos. Se o delito for comprovado, o diploma do aluno é cassado. Em geral, o instituto define a punição que é de aproximadamente dois anos sem poder cursar a UnB. “Geralmente quem descobre é o próprio plagiado ou um intelectual da área que reconhece o texto reescrito”, afirma Cristiano Rene, secretário da comissão.

Segundo Bakuzis, um questionário feito em 2002 com 3247 pesquisadores biomédicos mostrou que 1,4% utilizou a ideia de outro cientista sem permissão ou sem dar crédito. “Para os novos estudantes, isso pode acontecer por falta de informação ou por não entender ainda como funcionam as citações”, disse o professor Jurandir Rodrigues de Souza, organizador da palestra. “A nossa obrigação enquanto universidade é formar esses alunos e conscientizá-los”, completa. O professor José Garrofe Dórea afirma que o plágio é um problema de desvio de conduta e que ter uma lei sobre o tema não resolve problemas de comportamento. “O que facilita o dolo é a falta de caráter.”

Palestras

A comunidade acadêmica pode debater mais sobre o tema na próxima semana. A Comissão de Ética da UnB, criada em 2008, promove entre os dias 8 e 10 de dezembro, palestras sobre o papel da Comissão de Ética, assédio moral e plágio. 
Fonte: SITE DO CORREIO BRASILIENSE 

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