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14 de novembro de 2010

UMA REFLEXÃO SOBRE O ALCOLISMO

OPINIÃO DO ESPECIALISTA
Banalizar é o problema
Em meio a uma propagação maior de outras drogas - como a cocaína, a heroína e o crack -, a bebida alcoólica acabou sendo banalizada. Como é socialmente admitido, o álcool é minimizado. O alcoolismo é um problema gravíssimo. A dependência é um processo lento e é tão sério quanto no caso de outras drogas. Ainda não se tem a ideia exata dos fatores que provocam o vício. Mas sabemos que os fatores sociais, os psicológicos e os genéticos estão envolvidos.

Muitas vezes é mais difícil deixar o álcool do que outras drogas, porque se cria uma relação funcional com a bebida, que passa a fazer parte do dia a dia das pessoas. Socialmente, os efeitos do álcool são omitidos, mas são muitos. Os biológicos são o comprometimento de quase todos os órgãos, como o esôfago, o estômago, o intestino e o fígado, além do comprometimento do sistema circulatório.

O estado de embriaguez é o problema do alcoolismo porque traz o hiperativismo, a agressividade, a falta de controle e a mudança súbita de humor. As ações de violência, inclusive no trânsito, partem desse estado. Na realidade, esse é o problema imediato, mas a longo prazo as consequências não são menos desastrosas.
É preciso lembrar de outras drogas lícitas, como o cigarro e os remédios (psicotrópicos e os emagrecedores), que também trazem prejuízos devastadores. Quanto à legislação, a proibição das bebidas alcoólicas já existe para menores. Mas a fiscalização é inócua. O fácil acesso às bebidas é um grave problema. Até em casa a família permite que crianças, adolescentes e jovens consumam álcool. É algo que já faz parte da cultura.

Para o tratamento, nem sempre há necessidade de hospitalização. As internações são necessárias no momento inicial e em alguns tipos de pacientes. É preciso focar na prevenção. O melhor tratamento é a noção de rede de apoio que inclui desde a orientação até o tratamento em si. O problema é o que poder público não tem interesse de repassar recursos para a rede.

Antônio Mourão CavalcantePsiquiatra e professor da UFC



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