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21 de maio de 2010

uma reflexão

Orgulho e preconceito


21/5/2010
Todos sabem que o Brasil é formado por diferentes raças que aqui chegaram voluntariamente ou à força, em razão dos interesses econômicos dos nossos colonizadores. Essas últimas, provenientes de diversas regiões da África, foram mesclando-se com índios, portugueses e outros povos, dando origem a uma vasta e diferenciada etnia. No entanto, ainda hoje prospera o preconceito contra os negros, resultante do modo de produção escravista. Apesar da igualdade jurídica, os afro-brasileiros permanecem, em grande parte, excluídos do processo de desenvolvimento social, político e econômico. Na verdade, o povo negro sofre discriminação em todo o planeta, onde os brancos são maioria. Há uma flagrante desvalorização daqueles que um dia aqui aportaram e produziram valores da mais elevada significância para o País. Duas são as causas dessa situação: o orgulho e o preconceito. No primeiro caso, somos orgulhosos por natureza e modestos só em caso de necessidade. Temos um conceito muito alto sobre nós mesmos. O nosso amor-próprio é exagerado e extremamente vaidoso. No segundo, temos um juízo preconcebido, manifestado por meio de atitudes discriminatórias, com base em conhecimentos infundados. A rigor, o preconceito racial é uma das maiores dificuldades do povo, apesar de sua manifesta vontade de respeitar e amar o próximo de forma sensata. Prevalece, no entanto, o entendimento de revelar uma tendência de pensamento que valoriza demais a noção de existência de raças distintas, supostamente superiores às outras. Isso não passa, porém, de um conjunto de opiniões pré-concebidas cuja função principal é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, elegendo os que se dizem superiores em face de matrizes raciais. No curso da História, tornou-se comum essa crença bestial, utilizada para justificar a escravidão, a predominância de determinados povos sobre outros. Lamentavelmente, ainda não acreditamos que o preconceito existe também em nós. É equívoco pensar que ele só existe nos "outros". Falta-nos coragem para assumir os preconceitos que conduzimos em nós mesmos.


EDILSON SANTANA - promotor de Justiça

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