POSTS RECENTES

6 de dezembro de 2009

números da educação

Editorial

Números da educação

A maior permanência de estudantes na sala de aula contrasta com o que o IPEA identificou como oportunidades limitadas ao deixarem a Escola

05 Dez 2009 - 16h01min
O estudo mais recente sobre a situação da educação no Brasil envolvendo pessoas entre 15 e 29 anos mostra uma série de avanços, mas também a permanência de problemas que já viraram verdadeiras chagas no País. Com base em dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2008, indicando que existem 49,7 milhões de jovens no País - 26,2% da população, o levantamento aponta que os jovens estão atualmente passando mais tempo em sala de aula e tendo maior escolaridade do que os adultos.

Em 1998, por exemplo, a média de anos de estudo nessa faixa etária era de 6,8 anos. Uma década depois, a média passou a ser de 8,7 anos de estudo entre jovens de 18 a 24 anos. Enquanto que no grupo de 25 a 29 anos, a média chegou a 9,2 - 3,2 anos de estudo a mais do que entre a população acima dos 40 anos.

A maior permanência de estudantes na sala de aula, todavia, contrasta com o que o Ipea identificou como oportunidades limitadas desse público ao deixar a escola. Isso decorre das desigualdades no processo de aprendizagem entre pobres e ricos, brancos e não brancos, e moradores de áreas urbanas e rurais e das diferentes regiões.

Outro dado preocupante é que apenas a metade dos jovens brasileiros de 15 a 17 anos frequenta o ensino médio na idade adequada. O reflexo disso é o acesso restrito ao ensino superior com frequência de apenas 13,6% dos jovens de 18 a 24 anos. A dificuldade do acesso ao ensino superior é tanta, que cerca de 30% dos que completam o ensino médio desistem de tentar seguir a carreira universitária.

Tão grave quanto os números anteriores é a questão do analfabetismo. Se por um lado a pesquisa aponta que o maior nível de escolaridade também se reflete na menor taxa de analfabetismo entre os jovens, por outro, a redução desse índice não implicou na diminuição das disparidades regionais, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste. Com relação ainda a taxa de analfabetismo, o estudo do Ipea indica que um em cada 10 brasileiros nessa faixa de idade não consegue escrever um bilhete simples, significando 14,2 milhões de brasileiros nessa situação. No Ceará, o percentual de analfabetos diminuiu, mas ainda está longe da média nacional. Enquanto no Brasil a taxa é de 9,96%, no Estado o índice de pessoas que não sabem ler nem escrever é de 19,04%, quase o dobro.

É preciso que se entenda que os números apresentados pelo Ipea são graves, ao levarmos em conta que o Brasil está entrando em uma condição favorável na sua economia e precisa de massa crítica para dar continuidade a esse processo.
EDITORIAL DO JORNAL O POVO.

Nenhum comentário: