PAULO FREIRE SOBRE A ESCOLA
PÚBLICA
“ Uma escola pública popular não
e apenas aquela à qual todos têm acesso, mas aquela de cuja construção todos
podem participar, aquela que atende realmente aos interesses populares que são
os interesses da maioria; é , portanto, uma escola com uma nova qualidade
baseada no compromisso, numa postura solidária, formando a consciência social e
democrática. Nela todos os agentes, e não só os professores, possuem papel
ativo, dinâmico , experimentando novas formas de aprender, de participar , de
ensinar, de trabalhar , de brincar , de festejar.
Reafirmamos que essa nova
qualidade não será medida apenas pelos palmos de conhecimento socializado, mas
pela solidariedade humana que tiver construído e pela consciência social e democrática
que tiver formado, pelo repúdio que tiver manifestado aos preconceitos de toda
ordem e às práticas discriminatórias correspondentes.
A escola pública só será popular
quando for assumida como projeto educativo pelo próprio povo através de sua
efetiva participação. A transformação radical da escola que temos supõe essa
participação organizada na definição de prioridades. O primeiro passo é
conquistar a velha escola e convertê – la num centro de pesquisa, reflexão
pedagógica e experimentação de novas alternativas do ponto de vista popular.
Nossas propostas são viáveis
desde já. Queremos construir progressivamente uma escola pública democrática,
popular , autônoma, oniforme ( e não uniforme) , competente, séria e alegre ao
mesmo tempo, animada por um novo espírito. Queremos construir escolas para onde
as crianças, os jovens, os professores, todos, gostem de ir e sintam que são
suas. Não as abandonem.
PAULO FREIRE – DOCUMENTO OFICIAL
COMO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO EM SÃO
PAULO, 1989)
PAULO FREIRE ESCREVE SOBRE A
QUESTÃO DE UM ALUNO EXPULSO DA ESCOLA POR TEIMAR EM TER CABELOS LONGOS
Fala – se às vezes , na
necessidade que tem a Democracia de se defender do que lhe possa representar
ameaças. Quase sempre , porém, lamentavelmente , o que se vem considerando ameaças
à democracia é o que na verdade a justifica enquanto Democracia – a presença
atuante do processo político nacional – a voz das classes trabalhadoras que se
mobilizam e se organizam na reivindicação de seus direitos – a presença
inquieta da juventude brasileira cuja palavra é indispensável.
Os que procuram “ defender” a
Democracia contra o “perigo” da participação dos trabalhadores como dos
estudantes na re – invenção necessária da sociedade sonham com um democracia
sui – generis , um democracia sem povo.
Não me parece que se defende a
Democracia co a expulsão de jovens como Javier. Pelo contrário , se trabalha
contra ela.
São Paulo , 1982
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