Meu Deus quantos anos se passaram! Nós todos seus alunos , somos hoje
muito, muito mais velhos do que aquela professorinha. Agora estamos todos ,
agora, com idade bastante para ser seus avós , se ela tivesse ficado para sempre,
do jeitinho que está fotografada em nossa memória , aprisionada no tempo. Aqui estamos
todos nós de volta, quase todos.Alguns foram deixados pelo caminho, até mesmo
na infância, pois sobreviver não era muito fácil no meio da pobreza de nossa pequena
cidade. Os outros – cujos pais tinham emprego e salário – chegaram até esse dia
, com jeito e cara de vitoriosos, e estão aqui, digamos dentro deste livro – os
Mosqueteiros do rei à frente – prontos para tratar todas as saudades...
E acabamos de descobrir que este é o primeiro livro que conhecemos
escrito no plural .
No plural da primeira pessoa. Achamos graça na descoberta e concordamos
com nossa professora e com o Tom Jobim “
É impossível ser feliz sozinho”.
Estamos aqui preparados para a festa de aniversário de uma bisavó muito
feliz que a Ana Maria descobriu e reencontrou depois de buscá – la , sem parar
, pelo mundo. Mas não estamos muito certos se queremos rever nossa Professora
Maluquinha .
Sua presença em nossa memória , porém , ela voa pela sala, tem estrelas
no olhar , tem voz e jeito de sereia um sorriso solto como um voo de ave e o
vento sopra o tempo todo em seus cabelos..
Talvez seja melhor mandar ampliar o retrato que tiramos , um dia em
frente à matriz, pendurá – ló – sem dor – na parede de nossas casas e agradecer
à vida o privilégio de termos tido ....
Uma professora inesquecível!!!
ZIRALDO EM UMA PROFESSORA MUITO MALUQUINHA , MELHORAMENTOS, 1995
Nenhum comentário:
Postar um comentário