UMA REFLEXÃO DE PAULO FREIRE QUE NOS IMPELE À LUTA
“ É urgente que superemos argumentos como este: “ Podemos dar um aumento razoável aos procuradores , pensemos agora no caso porque eles são apenas setenta. Já não podemos fazer o mesmo com as professoras. Elas são vinte mil.” Não. Isso não é argumento. O que quero saber primeiro é se as professoras são importantes ou não são. Se seus salários são ou não são insuficientes. Se sua tarefa é o não é indispensável. E é em torno disso que deve insistir esta luta , difícil e prolongada, e que implica a impaciente paciência dos educadores e a sabedoria política de suas lideranças. É importante brigarmos contra as tradições coloniais que nos acompanham. É indispensável pelejarmos em defesa da relevância de nossa tarefa, relevância que deve aos poucos , mas tão rapidamente quanto possível, fazer parte do conhecimento geral da sociedade , do rol de seus conhecimentos óbvios.
Quanto mais aceitarmos ser tios e tias, tanto mais a sociedade estranha que façamos greve e exige que sejamos bem comportados.
Tanto mais, pelo contrário , a sociedade reconhece a relevância do nosso que – fazer quanto mais nos dará apoio.
É urgente que engrossemos as fileiras da luta pela escola pública neste país. Escola pública e popular, eficaz, democrática e alegre com suas professoras e professores bem pagos, bem formados e permanentemente formando – se. Com salários em distância nunca mias astronáutica , como hoje, frente aos de presidentes e diretores de estatais.
É urgente que façamos deste tema algo tão nacional e fundamental para a presença histórica do Brasil no mundo no próximo milênio que inquietemos a bem comportada e insensível consciência dos burocratas ensopados , dos pés a cabeça, de idéias coloniais até quando de dizem modernizantes.
( TRECHO DO LIVRO PROFESSORA SIM, TIA NÃO – CARTAS A QUEM OUSA ENSINAR, PAULO FREIRE, EDITORA OLHO D’ÁGUA, 22ª Edição, 2009 – p. 52 – 53 )
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