Esquecido Dia do Professor
"Não tivemos competência nem para assegurar condições materiais dignas aos professores"
25.10.2011| 01:30
No entanto, esse exercício de imaginação serve para mostrar o quanto os professores ainda são anônimos no quadro das preocupações da sociedade brasileira e um incômodo para o Estado. O magistério não é considerado profissão essencial.
Os professores estão constantemente em greve, humilhados nas ruas, cobrando direitos assegurados em lei e em defesa da educação pública. Mas podem paralisar os serviços por meses e (pensa-se) não causam prejuízos à economia, ao setor financeiro e, menos ainda, ao sono dos governantes. Já os parlamentares, em geral, são indiferentes.
Não tivemos competência nem para assegurar condições materiais dignas aos professores, nem para produzir a mera instrução escolar para o desenvolvimento de habilidades intelectuais às tarefas da sociedade tecnológica na reprodução do capital; quanto mais uma educação humanizada, lugar da magia da descoberta e construção do saber para o bem coletivo. Enquanto isso o professor é anônimo funcionário.
Urge a superação dessa herança colonial brasileira, conservadora e excludente. É preciso revolucionar a educação pública, torná-la principal política do Estado, com investimentos vultosos em infraestrutura escolar, salários, carreira e condições de trabalho do magistério. E é por nos faltar essa concepção política, que não podemos ainda falar em reverência ao professor.
Portanto, somente despertando a sociedade para o valor da educação como patrimônio nacional, e dos professores como profetas (não sacerdotes) de tempos novos, conseguiremos sacralizar o magistério, alcançando o vértice promissor de uma nação verdadeiramente civilizada e calcada na Justiça e bem-estar para todos.
Marcos José Diniz Silva - marcosjdiniz@oi.com.br
Historiador e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece) FONTE: JORNAL OPOVO.
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