Greve de um povo sem-vergonha
De repente, a sociedade vai tendo que conviver com greves de todos os setores e acaba sendo impelida a acreditar que as greves são instrumentos de crise em seus atendimentos e na geração do seu suposto bem-estar. Os meios de comunicação, infelizmente, acabam promovendo uma situação onde os trabalhadores passam a ser antipatizados pela população que ao não ter serviços mesmo de forma precária passam a acusar os grevistas de irresponsáveis, baderneiros ou castradores de seus direitos. A greve dos setores de serviço à população não ocorrem pelo simples capricho dos trabalhadores, mas pela forte negação dos que estão no poder aos preceitos do que diz a boa convivência e a boa relação entre patrões e empregados. A situação de greve traz transtornos sim, mas é um momento de reflexão sobre o que se passa no mundo do capitalismo tão ávido de lucro e tão pouco igualitário na divisão da riqueza.
A situação de greves, em todos os setores, revela a quebra de confiança dos trabalhadores nos gestores públicos que tratam as demandas sociais com completo descompromisso e com desinteresse quase que total visto que os políticos não precisam de saúde, segurança e educação públicas, pois gozam de privilégios de toda ordem fazendo com que tal condição os faça esquecer os interesses populares. As greves são instrumentos legais e conquistados com muita luta e sangue para serem tratadas como crimes pelo Poder Judiciário, pelos legisladores e pela mídia que acaba transferindo à população a forma errônea de entender esta forma de luta.
Claro que esta atitude não é neutra, pois há interesses, há defesa de classe e corporativismo no processo de negação de reivindicações dos movimentos grevista que podem até ser prejudiciais à população que mesmo após seu fim continuarão a ter serviços de péssima qualidade e mecanismos de exclusão , avanço e de negação da vida no sentido pleno. Quem entre em greve não é o sem – vergonha que a mídia tenta passar, mas é um cidadão que tenta a todo custo lutar por seus direitos ao ver que os que estão no poder não tem nenhum tipo de interesse que o quadro mude e que o povo realmente seja ator de sua própria história
AUTOR: FRANCISCO DJACYR SILVA DE SOUZA
PUBLICADO O JORNAL O ESTADO.
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