POSTS RECENTES

3 de setembro de 2011

polêmica dos tablets.

como a escola pode utilizar com eficiência e adequação pedagógica ferramentas como tablets?

O uso de equipamentos como smartphones e lousas digitais na sala de aula vem sendo divulgados como diferenciais dos colégios particulares. O que isso significa?
03.09.2011| 17:00

O uso de recursos tecnológicos consiste em se alinhar os modelos pedagógicos tradicionais às necessidades de quem de fato os usa. Dentre tantas ferramentas disponíveis hoje, acreditamos que os tablets sejam as que podem contribuir mais significativamente, uma vez que a possibilidade de integração de diversas mídias em sala de aula pode tornar o ganho pedagógico substancial. Imagine numa aula de Geometria, de forma simples, ser possível visualizar a planificação de um prisma em três dimensões, ou mesmo, numa aula de Biologia, o aluno poder, com um pequeno toque na tela, visualizar com detalhes as organelas de uma célula, e, ainda, o professor poder salvar anotações feitas por ele durante a aula e enviar para todos os alunos.
Ademar Celedônio
Supervisor pedagógico do colégio Ari de Sá

Com professores cada vez mais capacitados e voltados a serem mediadores do conhecimento, afastando-se da figura do mestre centralizador do conhecimento. A escola deve ser diligente quando quiser ingressar na nova era digital, pesquisando, analisando e escolhendo os melhores recursos pedagógicos tecnológicos (lousas digitais 3D com web, portal, tablets, livros digitais, software específico para utilização dos novos meios de forma integrada etc.), adequando tudo à sua proposta pedagógica. Com a utilização do conhecimento adquirido por escolas no Sudeste do País e no Exterior, que, há vários anos, utilizam esses recursos, temos a certeza de que os professores do Colégio Christus terão
êxito em sua missão.
José Lima de Carvalho
Diretor do colégio Christus

Não podemos deixar que os avanços tecnológicos, agora direcionados para a educação, interfiram no racional dos que atuam na área. Não radicalizemos essa novidade como sendo uma máquina com poderes de autossuficiência. O fundamento básico de qualquer empreitada na “arte de ensinar” sempre será a interação professor e aluno. Quando se fala em capacidade e adequação pedagógica às ferramentas que se apresentam nos novos tempos, é indispensável um permanente aprimoramento da formação docente, ponto crucial para alcançar e consolidar o sucesso. Em se tratando de ensino, nada consegue suprir a interação humana, a produção dialética do conhecimento, a identificação de diferenças e a maturação de valores que encontra na figura do professor seu principal sustentáculo.
Carlos Eduardo Nogueira Coordenador de projetos do Colégio 7 de Setembro
Assevera o adágio popular: “gaiola de ouro não faz o canário cantar”. Essa metáfora pode ser aplicada à Educação. O uso de tablets, smartphones e lousas digitais nas escolas não garantirá, por si só, boa formação estudantil. Somente fará sentido quando os professores estiverem convictos de sua relevância para a aprendizagem e preparados para empregá-los. Ademais, há de se considerar a adequada organização dos conteúdos curriculares a serem abordados empregando-se esses aparatos tecnológicos. Esse último aspecto só será alcançado com o planejamento pedagógico das disciplinas escolares. Portanto, o trinômio resultante é: crença na utilidade + preparação docente + planejamento pedagógico = emprego eficaz dos aparatos tecnológicos. Sob estas condições, provavelmente haja aprendizado de qualidade.
Wagner Bandeira Andriola
Professor da Universidade Federal do Ceará e pesquisador do CNPQ

Ferramentas da era digital são bem-vindas quando os três componentes do processo de aprendizagem se entrosam: professor, aluno e material de ensino. Importa considerar o nível de ensino: Infantil, Fundamental I , II ou Médio? Para cada nível, um modelo pedagógico. Até os 8 anos, importa construir o vocabulário básico da criança. Com ele é possível desenvolver a capacidade de pensar a partir da leitura. Isto é válido também para usuários das ferramentas citadas. Ainda não conseguimos sequer oferecer ao professor as condições tradicionais de trabalho, como biblioteca, livros didáticos adequados, laboratórios, acompanhamento pedagógico. Com apenas 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação, priorizando a quantidade de matrícula, a mim não me parece a prioridade para a escola pública. Garantida uma escolaridade com nível de leitura, aí será possível pensar nas ferramentas digitais, começando pelo computador.
Edgar Linhares Lima Presidente do Conselho de Educação do Ceará
Essas tecnologias e todos os recursos disponíveis na sociedade, quando incorporados pela escola, devem estar vinculados à função social desta instituição: a democratização dos saberes produzidos pela humanidade. Tablets e cia. precisam ser colocados a serviço da aprendizagem e inserção dos estudantes no todo social. Isto requer, além dos instrumentos, ações, interações e processos que provoquem nos sujeitos o desejo de compreensão e inclusão. Devem ajudar na comunicação e ampliar o ambiente educacional escolar. Não podemos esquecer que o cerne da cultura humanizada são os sujeitos e sua infinita necessidade de saber e ter este saber validado por seus pares. Às vezes invertemos o raciocínio e achamos que as tecnologias falam por si ou para nós, professores e alunos. Elas falam de nós, isso sim. A adequação e eficiência destes recursos na escola está condicionada à visão de humanidade, escola e educação. E isso não se transforma com a mudança de uma ferramenta.
Bernadete Porto
Profa. do Dep. de Teoria e Prática do Ensino da Faculdade de Educação (UFC)

Fonte: JORNAL O POVO

Nenhum comentário: