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5 de setembro de 2011

MAIS REFLEXÃO SOBRE TABLETS

Para não dizer que não falei dos tablets

05.09.2011| 01:30
Quando troquei a antiga Organização Educacional Farias Brito pela Universidade Federal do Ceará, o mundo era outro. Imaginem, vocês, que as pessoas temiam a chegada do ano 2000. Dos mais supersticiosos aos céticos tecnólogos que dominam o mundo da informática, por exemplo, o pavor era generalizado. Especulava-se que os computadores e suas lógicas binárias não fossem suportar a informação de que o tempo corria – e, não, retrocedia – quando da passagem do 99 para o 00. Besteira muita.

Tal e qual essa polêmica recente em torno do uso dos tablets em sala de aula. Daqui a 10 anos, esse episódio só não vai ser mais risível do que o chamado “bug do milênio” porque ninguém vai mais saber o que é um tablet. Do mesmo jeito que hoje uma legião de pessoas não sabe ou não lembra mais o que é um pager. A tecnologia caminha a passos largos e deve, sim, ser aproveitada ao máximo naquilo que pode contribuir para a vida cotidiana. E é evidente que uma ferramenta como um tablet tem grandes, enormes, capacidades pedagógicas.

Daí, a rede de colégios Ari de Sá, herdeira direta da Organização Educacional Farias Brito onde estudei, ter todas as razões do mundo para apostar na inclusão dessa tecnologia em suas salas de aula. Sempre fez isso, aliás. O que está errado não é o mérito. Tampouco, o que está errado é a publicização da ideia. Não se trata de um erro de comunicação, de uma publicidade equívoca, ou simplesmente de um slogan irresponsável como “tablet substitui livros”. Não, não é isso. Um tablet nunca vai substituir um livro. E não se trata de purismo.

Culturalmente, o livro ocupa um lugar na História quase sagrado e foi, sim, lá atrás, uma ferramenta extraordinária para o desenvolvimento da humanidade e difusão do conhecimento. O que questiono é valor da substituição, absolutamente atrasado para os dias de hoje. Quando só se fala em sustentabilidade, uma escola, logo uma escola, surge para defender uma substituição. Isso é atrasado, inclusive do ponto de vista tecnológico. Por essas e outras, é que as pessoas passam anos nas escolas, os pais gastam tubos de dinheiro e a educação continua um fracasso.

Magela Lima
magela@opovo.com.br Editor-executivo do Núcleo de Entretenimento do O POVO

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