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11 de janeiro de 2011

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Sou prima do professor Kássio, brutalmente assassinado no mês passado, numa Faculdade em Belo Horizonte. Não obstante a barbárie que o ato em si demonstra e a dor da perda de um ente familiar, para a minha família a situação ainda se reveste de uma maior gravidade. Temos toda uma tradição com o magistério. Minha avó, Rosa Marinônio de Castro, foi a primeira professora do município de Frei Gaspar. Crescemos, ouvindo os grandes poetas e autores. Ela era uma mulher forte e com garra estimulava-nos à leitura, estudos e rotineiramente repetia: "- O mundo pode lhe tirar todas as coisas, menos o conhecimento."
Recordo-me que ela tinha uma profunda admiração pelo Castro Alves, de quem afirmava ter vínculo de parentesco (confesso que nunca investiguei essa informação). Esse apego aos livros e à cultura ela buscou transmitir aos filhos e parentes. Minha mãe, que também se dedicou ao magistério, vivia a declamar poesias pela casa e a sustentar a tese de minha avó, quanto à importância da educação como veículo de transformação social.
Em síntese, salvo algumas raras exceções, na qual eu estou inserida, quase a totalidade dos meus familiares abraçaram a profissão do magistério. Sim, abraçaram no sentido literal da palavra, com uma dedicação séria e louvável tão valoradas por minha avó e tão desprezadas pela sociedade atual. A morte do Kássio comoveu o país, mas para nós familiares foi muito além da perda física. Foi um verdadeiro massacre a castos valores!
Hoje, passado um mês daquele fatídico dia, a família ainda se encontra desolada. Inevitável não pensar nos ensinamentos da minha avó... Nego-me a crer que ela se enganara. Opto, por utilizar seus ensinamentos e recorrer aos grandes pensadores, na afã de buscar explicação:
‘De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude. A rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto’. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
Texto publicado no blog  http://diariodoprofessor.blogspot.com/

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