Nós, os mal-educados. De novo
Fonte: O POVO Online/OPOVO/Opinião
21.01.2011| 01:30
Decidi voltar ao tema porque recebi alguns emails de leitores que considerei interessantes comentar aqui. Um deles foi de uma leitora da Pastoral Social da Igreja de Fátima que me fez um relato de como o poder público em todas as esferas negligencia a coleta seletiva em Fortaleza. Segundo ela, existe um projeto federal que disciplina as atividades dos catadores de lixo, mas quase nada foi feito na Capital porque não existe a coleta seletiva. Coletiva seletiva requer um projeto que muda a forma como as pessoas lidam com os resíduos, educa e impulsiona a economia. É importante, caro, urgente, deveria ser uma prioridade pública.
O outro email que quero comentar aqui é o de um leitor que questionou comigo se nós, os cearenses, somos mesmo “mal-ensinados”, como eu escrevi no artigo passado, e se a escola seria suficiente para dar conta de um rol imenso de atitudes que demonstram de nossa parte um desvio tão violento de algumas regras básicas de civilidade. O leitor anexa ao email elegante e cortês três páginas do que ele chamou de “desabafo” contando histórias do cotidiano de Fortaleza. É trágico. É cômico. Sintetizo a seguir.
No trânsito: é comum ver motoristas furando filas duplas na maior desfaçatez, jogando lixo em plena rua e buzinando feito desesperados. Existem os que transformam o carro em poderosas baladas itinerantes, cujo repertório é aquele forrozão que não vale a pena repetir todos. Atualmente o hit mais ouvido é “Vou não, quero não, gosto não, minha mulher não deixa não...”
No supermercado: normal encontrar gente de alta classe média encostar com um carrinho cheio nos caixas com indicação para “até 10 unidades”. Se alguém comentar, é barraco na certa. Nos restaurantes: o povo fala tão alto que via de regra sabe-se de tudo o que acontece na mesa ao lado. Se o celular tocar, é outro vexame. Ok, talvez não seja apenas a escola. Difícil dizer também o que é ser educado, em quais moldes, etc e tal. Mas concordo que talvez estejamos acometidos de um desprezo feroz pelo outro.
Regina Ribeiro
reginah_ribeiro@yahoo.com.brJornalista
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