Após responder 318 questões de múltipla escolha e elaborar 4 redações, sinto-me livre para fazer críticas ao vestibular, esse sistema de avaliação que julga selecionar os “melhores” estudantes.
E eu começo perguntando: qual é o perfil de um bom estudante? É o sujeito que se enlouquece decorando fórmulas, fenômenos, períodos e eventos, ou é aquele que consegue relacionar conhecimentos e tecer argumentos de forma coerente?
Por mais que editais de vestibulares digam preferir o segundo perfil, é visível que o primeiro – os tais “decorandos” – toma conta das vagas nas universidades. Com tantas disciplinas no currículo – quantidade essa que tende a se repetir no vestibular – fica difícil tornar todo esse cabedal desnecessário em algo frutífero. Logo, o conhecimento é minimizado em tabelas e resumos de fórmulas, fenômenos, períodos e eventos. O bom estudante passa a ser aquele que tem boa memória. Nada além disso. E é esse sujeito que se dá bem no vestibular.
A pior notícia é que esse sistema vai perdurar por um bom tempo. O número de “decorandos” está aumentando. Basta dar uma olhada nas relações candidato/vaga dos vestibulares. E aí, com o conhecimento cada vez reduzido, instrumental e descontextualizado dá no que estamos vendo hoje: ataques de preconceito, censura à literatura e, inclusive, a falta de ética.
Bianca estuda por conta própria para entrar em Letras
www.estadao.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário