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31 de dezembro de 2010

UMA CRÍTICA AO REVEILLON DE FORTALEZA

Eis artigo do médico, professor e economista Marcelo Gurgel. Ele analisa o pronunciamento da prefeita Luizianne Lins (PT) convocando, via tv e rádio, para a festa de réveillon no aterro da Praia de Iracema. Marcelo vê algumas incongruências no número de pessoas que o Município quer atrair para a festa e não dispensa crítica ao português usado por Luizianne. Confira: 
Pelo quarto ano consecutivo, Fortaleza torra, ao pé da letra, um montanha de recursos, para exibir, no modelo de cidades com economia pujante e consolidada, um “Show” de ostentação e exuberância, reproduzindo um retumbante Réveillon que analgesia, provisoriamente, os endêmicos males do nosso cotidiano.
Para isso, a prefeita Luizianne Lins, apesar de jornalista e professora universitária, em mensagem pronunciada ontem, em canal de televisão local, convocou o povo a tomar parte no evento, recorrendo aos dizeres: “vamos nos confraternizarmos”. Na ocasião, também anunciou que o aterro acolherá mais de um milhão de pessoas.
Não comporta aqui, neste momento, discutir sobre os milhões de reais que serão explodidos nos dezessete minutos previstos para a duração da queima de fogos de artifícios e os hiperbólicos pagamentos de cachês, com dispensa de licitação, que serão feitos a artistas de fora, que, por pouco tempo de apresentação, no aterro da Praia de Iracema, levarão daqui bons cobres para os seus estados de procedência.
Os órgãos de segurança operam com o parâmetro de cinco pessoas por metro quadrado, o que, por simples cálculo, demanda duzentos mil metros quadrados, ou vinte hectares totalmente despojados de construções, para receber um milhão de indivíduos.
No espaço restrito definido para o espetáculo, isso somente seria obtido se uma parcela do povo avançasse no Atlântico, provida de generosa distribuição de bóias, para evitar possíveis casos de afogamentos, ou se fossem montadas pirâmides humanas, de vários andares, tão comuns nas festas em cidades espanholas.
Cabe agora um registro: nada contra festas que fazem a alegria da população, porém que elas somente ocorram quando a comunidade não tiver maiores necessidades, que precisam ser supridas pelo poder público.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Médico e economista. 

FONTE: blog do ELIOMAR.

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