Artigo
Escola e mídia: um encontro possível?
24/07/2010 02:00
Na escola contemporânea, torna-se comum a culpabilidade da mídia pela má formação da infância e da juventude, pela exposição precoce à sexualidade, pela espetacularização da violência, por sua própria perda de autoridade como instituição de formação. A escola parece dizer: “nós educamos e a mídia deseduca”. Submetida à precariedade laboral, arraigada em modelos tradicionais ou esvaziada, frequentemente, de pensamento crítico sobre o seu fazer pedagógico, ela tem tido dificuldade em lidar e valorizar o modo como crianças e jovens significam aquilo que veem, escutam ou leem fora dos muros escolares.
Como trazer, então, estas reflexões para o cotidiano educacional? Nos últimos anos, têm surgido novas experiências acerca da mídia no âmbito escolar que apontam para a necessidade de superação das perspectivas apocalípticas, pautadas por uma concepção de vilania, ou integradas, ao proporem a simples substituição do professor pelas novas tecnologias, espécie de solução mágica para todos os problemas escolares.
São vários os termos utilizados para dar corpo a essa proposta de discussão e apropriação da mídia: educomunicação, mídia-educação, comunicação educativa, educação para o uso crítico da mídia etc. Em comum, a necessidade de que além da valorização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como recurso pedagógico, promova-se o debate sobre a comunicação como direito e como forma de expressão, e a apropriação da mídia e de suas linguagens. Afinal, mais importante do que o termo adotado é o fato de que o trabalho realizado vá além do uso instrumentalizado da comunicação em território escolar.
É insuficiente equipar a escola com laboratórios de informática, equipamentos de DVD, data show ou tela interativa sem que se potencialize o trabalho (e o lazer) do professor, sem um espaço de interlocução sobre os problemas cotidianos e as possíveis estratégias para o seu enfrentamento, em suma, sem que haja uma resignificação do próprio cotidiano e da função social da escola na contemporaneidade.
A relação escola-comunicação, devidamente qualificada, não pode prescindir da formação do professor em três perspectivas: pedagógica, estética e política. Pedagógica, pois implica a compreensão da comunicação como lugar privilegiado da constituição das identidades, das noções de pertencimento e do viver em sociedade e, por isso mesmo, da importância das TICs como instrumentos de ensino-aprendizagem. Estética, pois deve compreender a abertura para a criação, para o campo do sensível, explorando outras linguagens não usuais na mídia comercial. Política, pois a discussão sobre a comunicação no cotidiano escolar deve levar a uma reflexão tanto sobre os meios de comunicação, quanto sobre a própria escola. Desta forma, qualquer experiência com as TICs no campo educacional deve auxiliar na produção de novos modos de educar no cotidiano escolar.
Luciana Lobo Miranda - Doutora em Psicologia, professora da UFC e coordenadora do projeto TVEZ: educação para o uso crítico da mídia
Este artigo foi escrito em parceria com Inês Vitorino Sampaio, doutora em Ciências Sociais, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC, coordenadora do projeto TVEZ: educação para o uso crítico da mídia e do Grupo de Pesquisa da relação infância, adolescência e mídia
Como trazer, então, estas reflexões para o cotidiano educacional? Nos últimos anos, têm surgido novas experiências acerca da mídia no âmbito escolar que apontam para a necessidade de superação das perspectivas apocalípticas, pautadas por uma concepção de vilania, ou integradas, ao proporem a simples substituição do professor pelas novas tecnologias, espécie de solução mágica para todos os problemas escolares.
São vários os termos utilizados para dar corpo a essa proposta de discussão e apropriação da mídia: educomunicação, mídia-educação, comunicação educativa, educação para o uso crítico da mídia etc. Em comum, a necessidade de que além da valorização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como recurso pedagógico, promova-se o debate sobre a comunicação como direito e como forma de expressão, e a apropriação da mídia e de suas linguagens. Afinal, mais importante do que o termo adotado é o fato de que o trabalho realizado vá além do uso instrumentalizado da comunicação em território escolar.
É insuficiente equipar a escola com laboratórios de informática, equipamentos de DVD, data show ou tela interativa sem que se potencialize o trabalho (e o lazer) do professor, sem um espaço de interlocução sobre os problemas cotidianos e as possíveis estratégias para o seu enfrentamento, em suma, sem que haja uma resignificação do próprio cotidiano e da função social da escola na contemporaneidade.
A relação escola-comunicação, devidamente qualificada, não pode prescindir da formação do professor em três perspectivas: pedagógica, estética e política. Pedagógica, pois implica a compreensão da comunicação como lugar privilegiado da constituição das identidades, das noções de pertencimento e do viver em sociedade e, por isso mesmo, da importância das TICs como instrumentos de ensino-aprendizagem. Estética, pois deve compreender a abertura para a criação, para o campo do sensível, explorando outras linguagens não usuais na mídia comercial. Política, pois a discussão sobre a comunicação no cotidiano escolar deve levar a uma reflexão tanto sobre os meios de comunicação, quanto sobre a própria escola. Desta forma, qualquer experiência com as TICs no campo educacional deve auxiliar na produção de novos modos de educar no cotidiano escolar.
Luciana Lobo Miranda - Doutora em Psicologia, professora da UFC e coordenadora do projeto TVEZ: educação para o uso crítico da mídia
Este artigo foi escrito em parceria com Inês Vitorino Sampaio, doutora em Ciências Sociais, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC, coordenadora do projeto TVEZ: educação para o uso crítico da mídia e do Grupo de Pesquisa da relação infância, adolescência e mídia
fonte: JORNAL O POVO |
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