Como milhões de brasileiros às vésperas de mais uma Copa, estou ansioso por ver a seleção brasileira, a elite dos melhores jogadores do esporte bretão. Entretanto, a invejável posição conquistada por nossos atletas tem um alto preço e merece uma atenção especial.
O sucesso destes meninos que cada vez mais cedo viram ídolos milionários do futebol tem uma raiz preocupante: o fracasso do sistema escolar brasileiro. Criar um jogador famoso, é um sonho de milhões de famílias pobres no Brasil.. Basta uma bola nos pés e a cabeça bem longe das escolas. Esta foi a conclusão do jogador Henry, da seleção francesa, ao certificar que a vantagem dos jogadores brasileiros é que, desde garotinhos, não fazem nada senão jogar bola, na rua, nas praias ou em qualquer terreno baldio - vale tudo para se "bater uma bolinha" - enquanto os europeus se ocupam em estudar.
O assunto carece da atenção à altura de sua gravidade. Afinal, a base do desenvolvimento de um povo é a educação e, sabemos que a infância e a juventude dos meninos brasileiros há tempos são poupadas de qualquer estímulo ao ensino, criando um sonho utópico de se gerar um produto exportação, capaz de suprir os devaneios consumistas de pais, filhos, cunhados e agregados em geral. Para isso, não é preciso saber ler ou escrever.
O brasileiro já nasce de olho no futebol. È uma herança genética. Nas Copas exigimos a perfeição como a antiga Grécia, de seus guerreiros. Entretanto, há um placar que mostra que há 87 países no mundo onde o ensino é mais valorizado do que aqui - que no ranking das aplicações em educação estamos perdendo de goleada - mas isso, infelizmente, não faz a menor diferença. Nem aos nossos gestores, nem à população que sequer toma conhecimento do fato.
José Maria Cancelliero,rank@uol.com.br
São Paulo
Publicado no site www.estadao.com.br
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