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28 de outubro de 2009

UMA LEITURA PARA PAIS E PROFESSORES

Devastação do crack A cada dia cresce o número de famílias que pedem socorro ao poder público para retirar entes queridos das garras do crack 27 Out 2009 - 02h14min O País ainda está chocado com a morte da jovem Bárbara Calazans, encontrada estrangulada na tarde de sábado (24), num apartamento da Zona Sul do Rio. A descoberta de que fora morta pelo próprio namorado, depois de este ter consumido crack reforçou o debate sobre o avanço das drogas, na sociedade brasileira. Tragédias motivadas pelo uso desse tipo de produto químico tornaram-se corriqueiras, no Brasil, sobretudo depois do aparecimento de drogas mais baratas e de efeitos ainda mais devastadores, como o crack. O pior é que geralmente essa droga não traz apenas a desestruturação física e psíquica do usuário, mas termina por enredá-lo numa teia criminosa que o torna refém de traficantes. Estes estendem suas teias, utilizando-se, sobretudo dos jovens (a partir da infância abandonada), desprovidos de qualquer perspectiva profissional. O desemprego, a falta de escolaridade e de acesso aos bens elementares da existência adubam o terreno para as incursões das redes criminosas. Os sedutores procuram, antes de tudo, viciar os que serão utilizados como peças de seu comércio ilegal. Aprisionados pelo vício e pelas dívidas para com seus fornecedores, tornam-se verdadeiros autômatos a serviço de seus escravizadores. Daí para frente, seu caminho será a servidão à droga, a cujo acesso estarão dispostos a obter por quaisquer meios. Não é por outra razão que a violência alcança níveis de desumanização e perversidade inimagináveis. Por trás da maior parte da violência contra a pessoa e contra a propriedade, nas grandes e pequenas cidades, está, hoje, o crack. E o mais triste é assistir ao desespero impotente das famílias - elas mesmas tornadas vítimas dos verdugos surgidos de suas entranhas. Quando assediado por crises de abstinência, o usuário de drogas torna-se violento, e as primeiras vítimas de suas explosões são os que se acham mais próximos. Diariamente, o grito angustiado de pais e mães, avós e parentes próximos, soam impotentes, clamando pelo socorro do Estado para internar entes queridos, transformados em seus algozes. Depois de venderem tudo o que têm dentro de casa, estes partem para os pequenos roubos e assaltos, e logo estarão alimentando as cifras dos latrocínios, que crescem assustadoramente. O que causa pasmo é a aparente falta de percepção, por parte do poder público, da gravidade do quadro, que se alastra por toda a parte, sobretudo em Fortaleza, mas também, já, em várias cidades interioranas. Não se entendeu ainda que o crack tem um efeito muito mais devastador do que qualquer outra droga anterior. A esta altura, já era para termos um verdadeiro Estado Maior voltado unicamente para combater essa ameaça - não apenas através da repressão, mas de toda uma rede de suporte às famílias, aí incluindo-se a assistência clínica aos viciados para retirá-los do vício e devolvê-los sãos e produtivos à sociedade.
Editorial do Jornal o Povo de 27/10/09

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