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31 de outubro de 2009

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Recordações

31 de Outubro de 2009

A infância é um período determinante na estruturação da personalidade humana. As experiências vivenciadas naquele momento têm suas consequências observadas décadas depois. A ciência estuda essa tese e o dia a dia comprova essa realidade. Situações simples, mas marcantes, são relembradas com frequência em rodas de conversas: é a vovó a contar sobre a saudade que sentia da mãe na época do colégio interno e a felicidade quando recebia uma carta; é o vovô a lembrar a surra de cinturão que levou do pai porque desobedeceu à mãe e o abraço protetor recebido quando caiu do cavalo; é ainda o tio a reviver o medo sentido em noites de chuva, trovão e relâmpago durante as férias na fazenda da família e a alegria contagiante da reunião de primos e amigos em torno da fogueira nesta mesma fazenda. Nada os farão esquecer aqueles momentos vividos! Nem mesmo a consciência e a certeza de que agora, como adulto, todo mudou, e que as situações desagradáveis estão sob controle. As emoções, sejam elas boas ou más, ficam gravadas no subconsciente de quem as vivenciou e servem de amparo quando se precisa de força para superar os obstáculos ou funcionam como algozes a reprimirem suas vítimas nos momentos de fragilidade. Mas o que fazer quando esse "arquivo de emergência" é pequeno ou inexiste na memórias das pessoas? Fico a pensar que os tempos, hoje, são outros e as lembranças de amanhã certamente não serão tão nostálgicas, porque a tecnologia da informática acelerou o processo de racionalização das sensações vividas pelo homem contemporâneo. As famílias estão menores e a individualização de ações rotineiras aumentou. Das muitas atividades que as crianças desenvolvem diariamente, poucas são realizadas em grupo e, quando são a maioria, tem um teor competitivo. Isso inibe as amizades e as crianças deixam de exercitar as emoções fraternais. "É bem melhor brincar no computador!". As crianças não têm culpa de pensar assim, nem os pais de educá-las nestes moldes. É a vida a seguir seu curso... Mas questiono se, quando adultos, essas crianças sentirão falta do amigo de infância que nunca tiveram. Ana Amélia Frota - Advogada fonte: www.diariodonordeste.com.br

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