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30 de junho de 2009

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Novo embate entre Seduc e professores

Repor aulas em julho ou garantir as férias do meio do ano? Quem quiser participar da decisão, pode votar na enquete no site da Seduc. A Secretaria quer adiá-la

30 Jun 2009 - 00h36min

Pelo calendário pensado no começo do semestre, esta sexta-feira, 3 de julho, é o último dia de aula na rede estadual de ensino. Mas a greve dos professores, iniciada no dia 15 de maio, alterou o planejamento inicial. O ano letivo começou tarde, em março, ainda em decorrência de greves passadas, e cerca de dois meses depois foi interrompido. Agora que as aulas estão sendo retomadas, a proposta da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) é adiar as férias para setembro. A principal justificativa é a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em outubro. Interrompendo as aulas agora, os alunos seriam prejudicados no exame. “Até estudei um pouco em casa nesse tempo, mas nada como vir pro colégio. Esse negócio de ficar só pausando atrapalha muito. Vai ter matéria no Enem que não vamos ter visto ainda”, diz Felipe Nascimento, 16, aluno da Escola de Ensino Fundamental e Médio César Calls. Mesmo com esse discurso, nem ele sabe se é a favor de adiar as férias. “É ruim porque a gente não se sente na obrigação de vir”, argumenta uma amiga, Eveline Barbosa, 16. Para os professores, uma mudança no período de férias é mais dor de cabeça. “São tantas informações diferentes surgindo, mas não concordo em ter reposição de aulas em julho. Pra mim é trocar seis por meia dúzia”, diz o professor Felipe Dantas, que dá aula no Liceu. Lá os estudantes estão em semana de provas, o que normalmente é prenúncio de férias. “Sou a única que quer estudar em julho. Assim não pega tanto o mês de dezembro lá na frente”, diz Gabriela Nascimento, 16. A rodinha que conversa no corredor, reclama. Ninguém foi bem nas provas. “Eles fizeram uma semana de revisão quando a gente voltou, mas teve professor que nem veio dar aula ainda”, diz Caroline Nunes, 16. O desafio da Seduc e da direção das escolas é equacionar a reposição das aulas levando em conta que os professores aderiram à greve em diferentes graus, inclusive dentro da mesma escola. “Aqui nós tivemos apenas 17 dias de paralisação. É outra realidade”, diz o coordenador pedagógico da escola César Calls, Cláudio Meneses. Para chegar a um consenso, a Seduc está promovendo uma enquete em sua página oficial. Quem quiser pode votar se é a favor ou não da reposição das aulas em julho. A resposta será divulgada na sexta-feira. “Até lá não sabemos como vai ficar. Tivemos mais de 50 dias de aula. Estávamos começando a organizar o calendário, mas agora bagunçou de novo”, diz Lucilene Parente, diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Visconde do Rio Branco. De acordo com Lúcia Gomes, superintendente das escolas estaduais de Fortaleza na Seduc, o resultado final da enquete é que vai determinar se as férias permanecem em julho ou não. O site da Apeoc também promove uma enquete sobre o tema. Penha Alencar, presidente do sindicato, reclama da votação organizada pela Seduc. “É uma enquete malfeita. Não diz nem quantas pessoas já votaram. Por isso, resolvemos colocar no nosso também”, diz. A Apeoc é contra a mudança no calendário. Para a Seduc, só valem os números computados no site oficial da secretaria. Se houver uma mudança no período de férias, as datas serão discutidas com os professores. É o que promete a Seduc. >> Para votar, acesse http://www.seduc.ce.gov.br/. Logo na primeira página, você visualiza o link para a enquete. A Apeoc promove uma equete paralela com resultados parciais divulgados em tempo real. Acesse http://www.apeoc.org.br/. A enquete está na página inicial, à direita. E-MAIS > A greve dos professores estaduais teve início no dia 15 de maio. Em 22 de junho, a greve foi decretada ilegal. A partir de então, os professores foram voltando para a sala de aula. Essa retomada teve ritmos bem diferentes nas escolas da rede estadual. No Liceu do Ceará, por exemplo, as aulas voltaram no dia 8 de junho, mas segundo alunos da unidade, até a semana passada ainda tinha professor faltando às aulas. > A promotora de Justiça e Defesa da Educação, Elizabeth Almeida de Oliveira, ainda estuda o posicionamento do Ministério Público sobre a cobrança da multa prevista para os professores que continuaram em greve depois do decreto de ilegalidade. "Recebi a lista com o nome das escolas, mas a realidade hoje é outra. O objetivo é que haja o retorno total das aulas, que os alunos não fiquem mais prejudicados. Se isso se regularizou, vamos fazer uma nova avaliação", diz Elizabeth. > Segundo a liminar, os professores que desobedecessem à ordem pagariam multa de R$ 100,00 por dia. O Sindicato Apeoc arcaria com uma multa diária de R$ 5 mil.
JORNAL OPOVO

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