Veja algumas idéias deste pensador sobre educação
Questionamentos
Morin afirma que diante dos problemas complexos que as sociedades contemporâneas hoje enfrentam, apenas estudos de caráter inter-poli-transdisciplinar poderiam resultar em análises satisfatórias de tais complexidades:
"Afinal, de que serviriam todos os saberes parciais senão para formar uma configuração que responda a nossas expectativas, nossos desejos, nossas interrogações cognitivas?.” MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003, p. 116.
Os 7 saberes necessários
Morin escreve o livro Os sete saberes necessários à educação do futuro, apresentando o que ele mesmo chama de inspirações para o educador e que é comumente chamado de " Os 7 saberes", onde se refere aos saberes necessários para uma boa prática educacional.
1º Saber: Erro e ilusão
Não afastar o erro do processo de aprendizagem, íntegrar o erro ao processo, para que o conhecimento avance.
2º Saber: O conhecimento pertinente
Juntar as mais variadas áreas de conhecimento, contra a fragmentação
3º Saber: Ensinar a condição humana
Não somos um algo só. Somos indivíduos mais que culturais, somos psíquicos, físicos, míticos, biológicos, etc.
4º Saber: Identidade terrena
Saber que a Terra é um pequeno planeta, que precisa ser sustentado a qualquer custo. Idéia da sustentabilidade terra-pátria.
5º Saber: Enfrentar as incertezas
Princípio da incerteza. Ensinar que a ciência deve trabalhar com a idéia de que existe coisas incertas
6º Saber: Ensinar à compreensão
A comunicação humana deve ser voltada para a compreensão. Introduzir a compreensão; compreensão entre departamentos de uma escola, entre alunos e professores, etc.
7º Saber: Ética do gênero humano
É a antropo-ética. Não desejar para os outros, aquilo que não quer para você. A antropo-ética está ancorada em três elementos:
Indivíduo
Sociedade
Espécie
Morin defende a interligação destes três elementos desde O paradigma perdido: a natureza humana.
Na questão prática de aplicar os 7 saberes, a questão fundamental é que o objetivo não é transformá-los em disciplinas, mas sim em diretrizes para ação e para elaboração de propostas e intervenções educacionais.
O pensamento complexo
Como poderá ser entendido o verdadeiro significado do chamado: “Pensamento complexo” de Edgar Morin? Antes de termos uma resposta a essa pergunta, precisamos primeiramente responder outra. O que quer dizer complexo? Complexo vem do Latim complexus, que quer dizer “Aquilo que é tecido em conjunto”.
Segundo o próprio Morin, nós somos:
Homo (gênero) Homo sapiens sapiens
Edgar Morin diz que é sistemático demais possuirmos um sapiens ou dois, em nossa autodenominação, é preciso acrescentar um demens, ficando: Homo sapiens sapiens demens, que mostra o quanto somos descomedidos, loucos, etc. Todo homem é duplo, ao mesmo tempo que é racional apresenta certa demência.
Na busca do verdadeiro pensamento complexo de Morin, esbarramos no entendimento de outros conceitos, entre eles, é o de operadores de complexidade:
Operador dialógico que é diferente de operador dialético
Operador recursivo
Operador hologramático
O operador dialógico envolve o entrelaçar coisas que aparentemente estão separadas: Exemplos:
Razão e emoção
Sensível e inteligível
O real e o imaginário
A razão e os mitos
A ciência e a arte
Trata-se da não existência de uma síntese, tudo isto consiste o chamado: dialogizar.
O operador recursivo, trata principalmente do fato de que sempre aprendemos que uma causa A produz um efeito B. Na recursividade a causa produz um efeito, que por sua vez produz uma causa.
Exemplo: Somos produto de uma união biológica, entre um homem e uma mulher e por nossa vez seremos geradores de outras uniões.
O operador hologramático, trata de situações em que você não consiga separar a parte do todo. A parte está no todo, assim como o todo está na parte. Esses três operadores são as bases do pensamento complexo. Em resumo temos:
Juntar coisas que estavam separadas
Fazer circular o efeito sobre a causa
Idéia de totalidade: Não dissociar a parte do todo. O todo está na parte assim como a parte está no todo.
Com esses três operadores, você criará a noção de totalidade, mas ao mesmo tempo, criará uma concepção de que a simples soma das partes não leva a esse total. A totalidade (no pensamento complexo), é mais do que a soma das partes e simultaneamente menos que a soma das partes.
- Nós somos considerados seres que:
Falam;
Fabricam seus próprios instrumentos;
Simbólicos, pois criamos nossos símbolos, nossos mitos, e nossas mentiras.
O pensamento complexo afirma também que, além disso, somos complexos. Isto porque estamos inscritos numa longa ordem biológica e porque somos produtores de cultura. Logo, somos 100% natureza e 100% cultura. O conhecimento complexo não está limitado à ciência, pois há na literatura, na poesia, nas artes, um profundo conhecimento. Todas as grandes obras de arte possuem um profundo pensamento sobre a vida. Segundo o próprio Morin, devemos romper com a noção de que devemos ter as artes de um lado e o pensamento científico do outro.
Tetragrama organizacional
Qualquer atividade de seres vivos é guiada por uma tetralogia. Envolve relações de:
Ordem;
Desordem;
Interação;
(re)Organização.
Isto é o tetragrama organizacional.
Unindo este tetragrama aos operadores de complexidade, temos as bases do pensamento complexo.
Diz Marx: “Qualquer reforma do ensino e da educação começa com a reforma dos educadores.” Isto constituiu uma das citações mais utilizadas por Morin quando trata da questão do pensamento complexo, e da reforma dos educadores no processo de criação de uma nova educação. A razão cartesiana impôs um paradigma. Ela nos ensinou a separar a razão do dês-razão. Temos que religar tudo, que a ciência cartesiana separou, segundo Morin
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