Diário do Nordeste
Sexta-feira - 15 de julho de 2011Opinião
EDITORIAL
Analfabetismo resiste
Publicado em 15 de julho de 2011
A população adulta, quando devidamente alfabetizada, tem peso significativo na cadeia produtiva nacional, a cada dia mais exigente para com o pré-requisito da escolaridade. O desenvolvimento da tecnologia, os avanços nos métodos e processos de industrialização, o emprego de sofisticados meios de mercadologia exigem dos candidatos a qualquer emprego, no mínimo, a conclusão do nível médio e a qualificação na área que esteja promovendo o recrutamento.
Assim, o mercado empregador se ressente do fato de que 13,9 milhões de jovens, adultos e idosos não sabem ler nem escrever. Esse contingente corresponde a 9,6% da população com 15 anos ou mais. Os esforços governamentais para eliminar a chaga do analfabetismo, mesmo com o esforço do empresariado, como ocorreu com a criação do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), nos anos 70, tem conseguido resultados tímidos diante das necessidades.
Nas últimas décadas, foram lançados os programas Alfabetização Solidária e Brasil Alfabetizado, perseguindo a alfabetização de todos os brasileiros, compromisso assumido pelo País durante a Conferência da ONU, em 2000. O esforço para reduzir o analfabetismo apresentou melhores avanços entre as crianças de 10 a 14 anos. Neste segmento, a taxa caiu de 7,3% para 3,9% entre 2000 e 2010.
A população madura sem escolaridade se concentra, especialmente, no Norte e no Nordeste. De outra parte, pelos dados do Censo, o número de municípios com 100% de alfabetizados com idade entre 10 e 14 anos dobrou em dez anos. No momento, são 77 cidades com índice zero de analfabetismo nessa faixa etária, 29 das quais no Rio Grande do Sul, como fruto da colonização europeia, da contribuição da rede de escolas religiosas, da cultura comunitária e da valorização do ensino.
No Ceará, a última década possibilitou a redução do percentual de pessoas sem escolaridade, com 15 anos ou mais, de 26,5% para 18,8%. Ainda assim, mais de um milhão de cearenses não sabem nem ler nem escrever. Houve conquistas entre os municípios, como a redução do contingente de iletrados, em Fortaleza, de 11,2% para 6,9%. Pacatuba, Maracanaú, Caucaia, Eusébio, Crato, Maranguape, Horizonte, Juazeiro do Norte e Sobral conseguiram também reduções significativas.
Não há melhor diretriz política para qualquer gestor municipal do que abraçar essa causa com afinco. Para alcançá-la, há necessidade de motivação do professorado e de mobilização da comunidade, estimulando a presença do maior número de pessoas fora da faixa normal de escolaridade, obstáculo vencido com a frequência aos centros de aprendizagem adulta.
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