Educação na berlinda
Quando a União é incapaz de administrar uma educação de classificação razoável, pelo menos, imagine o que dizer dos Estados e Municípios, cujo aprendizado é bem inferior ao ministrado na esfera federal. Todos estão lembrados de fatos recentes que apontam a irresponsabilidade do Ministério da Educação na elaboração de livros didáticos recheados de erros grosseiros. Por mais elementar que seja a conduta ministerial em assuntos primários, os equívocos demonstram o desprezo governamental com a área do ensino, fundamental para a melhor formação da consciência nacional. Quanto mais analfabeto é o povo, mais fácil é a manipulação da população. Todavia, na época eleitoral, espertos políticos repetem as mesmas promessas de um ensino capaz de tirar da escuridão o numeroso contingente de pessoas que nem o nome sabe escrever. Nota-se, então, que as falsas plataformas eleitorais continuam a ludibriar a opinião pública que, no afã de um novo tempo, esquecem o juramento, de um passado sempre atual, e, mais uma vez, depois de cada pleito, a situação volta ao status quo.
Aqui mesmo, em Fortaleza, apesar de decisão judicial em contrário, os professores resolveram manter a greve enfrentando, inclusive, a possibilidade de multas que, por certo, irão onerar as finanças do seu sindicato. Não se trata, porém, de qualquer desrespeito ou desafio a ordem da Justiça, mas, tudo leva a crer, que a sofrida classe é hoje movida pelo desespero em face do tratamento que lhe é dispensado pelo Poder Público.
O presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, recentemente entrevistado em Antenas e Rotativas da Rádio Cidade, exibiu documentos, procurando provar que a Prefeitura já vem pagando o piso salarial estabelecido pela atual legislação e sacramentado pelo STF. Ocorre que as informações por ele prestadas foram, de pronto, desmentidas por alguns professores que, inclusive, apresentaram os seus contracheques. Com todo o respeito que merece o Vereador, a credibilidade de membros do magistério é infinitamente maior. Diante, pois, do que testemunhamos, ao longo dos anos, o professor brasileiro tem a sua profissão, apesar da sua importância, selecionada como produto de segunda categoria. Infelizmente ainda está longe de se alcançar o valor que o magistério merece no contexto nacional. Enquanto isso, vamos continuar assistindo a proliferação de segmentos inteiros de semianalfabetos.
Lúcio Sátiro - Jornalista
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