OS FATOS ESCONDIDOS
Que a escola pública tem problemas sérios de gestão e qualidade, ninguém discute. Nós, professores da área, mais do que ninguém, pautamos esse dramas todos os dias, em nossas angustiadas discussões internas. Que o Estado coordena políticas públicas pífias para o setor, as reportagens e a literatura estão aí para mostrar exemplos à mancheia! Agora, por conta e por causa disso, apedrejar somente a rede pública de ensino, não é razoável!
Na recente e lastimável agressão sofrida por um colega professor de uma escola no centro, ficou patente: as mazelas da rede privada recebem uma cobertura diferenciada da imprensa. Da escola em que o professor trabalha foi mostrada apenas a fachada. O nome da vítima foi preservado. Há um cuidado com as imagens das escolas. Tive que ir ao Twitter para obter dados despedaçados sobre o fato.
Esse zelo todo por parte de alguém ligado à escola onde trabalha a vítma, até seria compreensível. Mas porque o professor e a escola pública não recebem o mesmo tratamento? Quando ocorre algo negativo numa escola da rede pública, toda a escola é mostrada, o diretor é enquadrado e (quase sempre) os professores são xingados, como relapsos, preguiçosos e despreparados, por populares ouvidos nas enquetes,… E os males da rede privada, que muitas vezes se escondem por trás do pesado marketing, não vão mostrar? A quem interessa esse tratamento desigual? A violência das ruas está invadindo as duas redes escolares! Por que apenas a pública é vilipendiada? Por que atende a gente carente, filha da trabalhador e que reside na periferia ou no interior?
A imprensa, que também educa e edifica, precisa discutir melhor suas pautas, muitas vezes pensas! A imprensa tem uma função demasiado importante, para lidar com os mesmos drama sociais (violência e falta de qualidade do ensino), de forma enviezada! Quero lê o jornal e vê a TV cônscio de que a realidade está sendo mostrada e discutida, e que o poder público ou a iniciativa privada estão trabalhando com vigor, para resolver os dramas que nos atingem diariamente.
Não trata-se, portanto, de censura à imprensa ou coisa que o valha. O que se quer da imprensa é tratamento igual, para dramas iguais ou parecidos! Tapar o sol com a peneira não dá, notadamente num mundo multimídia, onde um veículo escamoteia os fatos, mas outro o entrega de bandeja! O leitor/ ouvinte/ telespectador tem sabedoria, é preciso que saibam!
João Teles de Aguiar
Especialista em Docência pela UECE.
Um comentário:
A nossa educação é cuturalmente de aparência, de verniz. Isso implica em valorizar mais aqueles que aparentemente têm status elevado. Isso também vale para as escolas. Escola pública é sinônimo de pobreza, exclusão e exploração da violência, das dificuldades, do que não dá certo.
A escola particular mantém aparência contrária. Os interesses midiáticos de explorar o cáos não podem atingí-la, pois é protegida por questões outras, prevalecendo a aparência, o verniz. Gostei muito do blog e das postagens. Parabéns!
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