Mito, educador e cidadão do Brasil
02.04.2011|
Francisco Djacyr de Souza
Mestre em Educação e professor da rede Pública e privada O legado de Paulo Freire para a Educação Brasileira prova que o processo educativo tem grandes missões onde a principal delas é a libertação do homem e sua transformação como indivíduo crítico, consciente e ativo na luta. Paulo Freire esteve sempre além do seu tempo em suas atitudes, em seu modo revolucionário de pensar e por ser ingovernável do ponto de vista de convicções políticas e por exigir sempre que a justiça social tomasse o lugar da caridade. Nascido na cidade do Recife e tendo que mudar – se para Jaboatão o grande educador conheceu a fome e pobreza o que talvez o impeliu pela luta e pelo amor ao homem e suas manifestações.
Paulo provou em poucos gestos que sempre tinha pelos seres humanos uma consideração especial e que seu método de alfabetização era uma busca firme pela justiça e pela liberdade.
Paulo participou de episódios que provavam o sentido de seu trabalho como indivíduo de convicções que visavam justiça e liberdade. Como advogado seu primeiro trabalho foi também o último, pois ao buscar o confisco dos bens de um pobre dentista viu que o mesmo não tinha condições de pagar e acabou desistindo da profissão a partir do momento em que compreendeu a situação do outro e os problemas da vida motivados pela pobreza e desigualdade de condições de cada cidadão. Como Secretário de Educação de São Paulo sua primeira providência foi providenciar papel higiênico para as escolas da capital demonstrando uma sensibilidade que poucos que estão no poder têm ao se preocuparem apenas com os números e com a chamada eficiência de gestão. Paulo conhecia os funcionários pelo nome e procurava tratar as pessoas com cordialidade e respeito.
As quarenta horas de Angicos se tornaram bandeiras de um referencial de trabalho deste educador que revolucionou o ensino de alfabetização e mostrou a união entre conhecimento e cidadania participativa. Paulo Freire deu sua contribuição firme para a educação do país a partir de sua inserção no governo de João Goulart até que revolução de 64 fez o trabalho da varredura de ideias de libertação rotuladas de comunismo. No exílio Paulo se tornou cidadão do mundo onde desenvolveu ideias libertárias no Chile, na Bolívia, em Guiné – Bissau, Índia, Nicarágua e na Suíça, mas faltava – lhe o reconhecimento em seu país e a devolução do que ele chamava de alegria menina. Paulo ao voltar ao país andarilhou por vários recantos da nação e do mundo buscando de modo eficiente mostrar a alegria da palavra e o poder de libertação do conhecimento.
As ideias de Paulo Freire têm ainda hoje grande ressonância no pensamento de educadores do Brasil e do mundo e provocam em todos aqueles que tem compromisso político com a mudança da sociedade a visão revolucionária e idealista que os atores da educação devem ter. Paulo Freire não é apenas um mito, mas um ser além de seu tempo que promoveu em suas tantas obras a necessidade de mudança de posturas dos educadores em relação a seus alunos e o papel de todos nós no sentido de banir a opressão e dar aos oprimidos condições de reconhecerem a situação em que se encontram e buscarem a libertação tanto no sentido material quanto no sentido cultural.
A Educação deve ser um elemento de libertação, de mudança, de resgate da cidadania de conhecimento à serviço de um processo pleno de criação de situações para discutir o sistema em que vivemos e garantir liberdade, decência e dignidade para todos.
Essa lição do grande mestre não pode ser esquecida e deve ser colocada em prática sempre no sentido de que somente com educação para todos podemos criar um país justo e digno.
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