Tragédia em Escola
O massacre ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, onde o ex-aluno de apenas 23 anos, Wellington Menezes de Oliveira, ali adentrou a pretexto de ministrar uma palestra e acabou matando à queima-roupa diversas crianças e adolescentes, foi um evento que transtornou a todos, se tornando manchete em jornais do mundo inteiro.
Quase impossível não se sensibilizar com essa tragédia. Digo “quase” porque nada é impossível. Nada. Como também não é impossível que outros desajustados passem a ver essa tragédia como exemplo a ser seguido, que esse rapaz que cometeu esse bárbaro ato seja visto até como herói.
O mais frustrante desse massacre é que nunca saberemos ao certo o que ocorreu, nunca saberemos quais motivos levaram aquele indivíduo a abater covardemente crianças e adolescentes de uma forma tão inumana. Mas deixemos que os especialistas, os psiquiatras e psicólogos, tentem encontrar as explicações adequadas para o caso. Se é que existem.
Enquanto isso, tentemos imaginar a dor daqueles que perderam seus filhos e parentes nesse massacre. Então prestemos a nossa solidariedade, porque as perdas sofridas por essas pessoas ficarão marcadas para sempre na alma de cada um. E soframos juntos, porque essa também é a nossa dor. Pensemos também nesse episódio como um alerta.
A atitude desse rapaz e a carta por ele deixada evidenciam o grau de patologia, de frieza, de sandice que um ser humano é capaz. As referências religiosas feitas pelo homicida-suicida na carta nada têm a ver com religião, mas com a falsa ideia daquilo que acreditava ser a vontade de Deus. Como se Deus fosse capaz de referendar esse tipo de vilania.
A atitude desse rapaz evidencia a nossa impotência, a nossa fragilidade, a nossa fraqueza, a nossa vulnerabilidade enquanto pais, mestres, cidadãos, tios, avós, enfim, enquanto seres humanos, pois nunca uma pessoa em sã consciência deixaria o filho numa escola caso soubesse existir a menor possibilidade de uma tragédia dessa ocorrer.
A atitude desse rapaz evidencia a pobreza de espírito, a maldade, a falta de escrúpulos, o egoísmo, de que um ser humano é capaz. Não existem palavras capazes de expressar tal gesto. Simplesmente não sei o que dizer. Se é que realmente existe algo a ser dito.Grecianny Cordeiro - Promotora de Justiça
Publicado no Jornal o Estado.
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