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29 de março de 2011

situação das crianças de rua

O triste retrato das nossas crianças de rua

70% de pessoas nessa faixa etária que dormem na rua foram agredidas dentro de casa
28.03.2011| 01:30

A Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República divulgou na semana passada dados preliminares de um censo sobre a situação de crianças e adolescentes em situação de rua, indicando que cerca de 70% das pessoas nessa faixa etária que dormem na rua foram agredidas dentro de casa. Além disso, 30,4% são usuários de drogas ou álcool. O levantamento conclui que a violência doméstica e o uso de drogas são os principais motivos que levam crianças e adolescentes às ruas. Nesse sentido, aponta que 32,2% do público-alvo teve brigas verbais com pais e irmãos, 30,6% foram vítimas de violência física e 8,8% sofreram violência e abuso sexual.

Outra informação importante a ser destacada é que mesmo com a maior parte das crianças ou adolescentes em idade escolar, 79,1% não concluíram o primeiro grau. Apenas 6,7% terminaram o primeiro grau, 4,1% começaram a cursar o segundo grau, 0,6% encerraram o segundo grau e 8,8% nunca estudaram. A pesquisa revela, portanto, alto grau de participação das famílias dos jovens na construção do risco de vulnerabilidade. Por outro lado, indica a possibilidade de reinserção no seio familiar, na medida em que entre os que dormem na casa da família e os que passam a noite na rua, 60,5% mantêm vínculos familiares.

Infelizmente, esse processo de inserção é quase inviabilizado em vista da condição social das famílias. Com base no levantamento, para se ter ideia, a maioria dos jovens que estão na rua pede dinheiro ou alimentos, 99,2%. Entre as atividades mais recorrentes destacam-se a venda de produtos de pequeno valor, como balas e chocolates, muitas vezes a mando dos próprios pais. Aliado a esse quadro de extremo risco, a SDH constata que direitos fundamentais como alimentação, saúde, educação e higiene pessoal, reconhecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ainda não foram garantidos para as crianças e os adolescentes em situação de rua no país. De acordo com o censo da Secretaria de Direitos Humanos, 13,8% dos jovens não conseguem se alimentar todos os dias.

O que se depreende em relação aos resultados apresentados é que cada vez mais jovens nessa faixa etária e com esse perfil social tende a ser jogado aos perigos da rua, já que o problema está na base da estrutura familiar. E para resolver isso, exige-se muito mais do que paliativos, e sim, toda uma ação voltada também ao enfrentamento da vulnerabilidade a que está sujeito todo o quadro familiar.

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