Qualquer cidadão que se der ao trabalho de ler os nomes dos parlamentares dos legislativos de seu estado e capital, perceberá que estes são constituídos por uma maioria de estranhos sobre quem nunca se ouviu falar.
No lugar de representantes ilustres e proeminentes, com serviços prestados em suas áreas de atuação, levados ao serviço público pelo reconhecimento geral dos partidos políticos e dos eleitores, temos uma leva de desconhecidos sem passado e sem nada a mostrar. Não são líderes, mas liderados que, justamente pela capacidade de obedecer, foram alçados à condição de representantes do povo, geralmente beneficiados por favores do poder executivo.
Convido o leitor a tentar reconhecer pelo menos 10% dos parlamentares da sua capital ou do seu estado. Com as bancadas federais acontece o mesmo, mas os deputados vivem em Brasília, o que facilita o esquecimento. O desprestígio do legislativo fica tão mais evidente quanto mais de perto ignoramos seus componentes.
A situação em Fortaleza é emblemática. Na capital cearense, a Câmara Municipal virou palco de um disputa interna no PT, que lançou dois candidatos para presidir a Casa. Salmito Filho quer a reeleição, mas não conta com as bençãos do Paço. Acrísio Sena apresenta como trunfo, vejam só, a condição de ser visto como homem de confiança da prefeita Luizianne Lins, também do PT. Não basta ter um correligionário, é preciso fidelidade à prova de qualquer desejo de autonomia.
Em campanha, Acrísio até convocou uma reunião de seus apoiadores, que se submeteram ao vexame de responder a uma lista de presença diante da imprensa, fazendo parte de uma estratégia de exibição de força para seus pares e para o executivo municipal. A Câmara hoje não passa de um apêndice da prefeitura.
Tornados meros peões no xadrez do jogo político, esses pequenos parlamentares, muitos dos quais fazem da política a única profissão e fonte de renda de suas vidas, constituem o corpo físico de uma deformação institucional que já começa no calendário eleitoral.
Misturadas, as votações proporcionais são colocadas como complemento das eleições majoritárias. E é sob esse signo da servidão que nossos representantes, com raras exceções, atuam nos parlamentos.
Assim formatado o ambiente político, os verdadeiros líderes preferem atuar em entidades de classe, ou de forma independente, na condição de formadores de opinião, ou em suas profissões de origem. Esse é um círculo vicioso que contribui ainda mais para o desgaste outrora imponente poder legislativo.
Wanderley Filho - Historiador
No lugar de representantes ilustres e proeminentes, com serviços prestados em suas áreas de atuação, levados ao serviço público pelo reconhecimento geral dos partidos políticos e dos eleitores, temos uma leva de desconhecidos sem passado e sem nada a mostrar. Não são líderes, mas liderados que, justamente pela capacidade de obedecer, foram alçados à condição de representantes do povo, geralmente beneficiados por favores do poder executivo.
Convido o leitor a tentar reconhecer pelo menos 10% dos parlamentares da sua capital ou do seu estado. Com as bancadas federais acontece o mesmo, mas os deputados vivem em Brasília, o que facilita o esquecimento. O desprestígio do legislativo fica tão mais evidente quanto mais de perto ignoramos seus componentes.
A situação em Fortaleza é emblemática. Na capital cearense, a Câmara Municipal virou palco de um disputa interna no PT, que lançou dois candidatos para presidir a Casa. Salmito Filho quer a reeleição, mas não conta com as bençãos do Paço. Acrísio Sena apresenta como trunfo, vejam só, a condição de ser visto como homem de confiança da prefeita Luizianne Lins, também do PT. Não basta ter um correligionário, é preciso fidelidade à prova de qualquer desejo de autonomia.
Em campanha, Acrísio até convocou uma reunião de seus apoiadores, que se submeteram ao vexame de responder a uma lista de presença diante da imprensa, fazendo parte de uma estratégia de exibição de força para seus pares e para o executivo municipal. A Câmara hoje não passa de um apêndice da prefeitura.
Tornados meros peões no xadrez do jogo político, esses pequenos parlamentares, muitos dos quais fazem da política a única profissão e fonte de renda de suas vidas, constituem o corpo físico de uma deformação institucional que já começa no calendário eleitoral.
Misturadas, as votações proporcionais são colocadas como complemento das eleições majoritárias. E é sob esse signo da servidão que nossos representantes, com raras exceções, atuam nos parlamentos.
Assim formatado o ambiente político, os verdadeiros líderes preferem atuar em entidades de classe, ou de forma independente, na condição de formadores de opinião, ou em suas profissões de origem. Esse é um círculo vicioso que contribui ainda mais para o desgaste outrora imponente poder legislativo.
Wanderley Filho - Historiador
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