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15 de dezembro de 2010

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EDITORIAL

Educação em baixa

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15/12/2010 
A cada ano, gestores dos programas de educação básica e educadores suportam vexame, diante das avaliações internas e externas realizadas sobre o sistema de aprendizagem. Neste ano, o País pouco evoluiu do ponto de vista pedagógico no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), embora tenha crescido 33 pontos na classificação, computando-se os resultados da primeira década do Século XXI.

Ainda assim, entre 65 países-membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), selecionados para mensuração de seus sistemas nacionais de educação, o Brasil ocupa o 53º lugar. A maioria dos estudantes da rede pública não passou do primeiro em seis níveis de conhecimento. Nenhum aluno do grupo escolhido para avaliação chegou ao nível mais alto em ciências e só 20 chegaram ao nível 6 em leitura e matemática.

Aplicado a cada três anos, o Pisa verifica o nível educacional de jovens na faixa etária de 15 anos, oriundos de países do primeiro mundo e de outros convidados, como ocorre com o Brasil. Desde a primeira verificação, no início do século, o desempenho dos adolescentes vinha sempre ocupando os últimos lugares na classificação dos concorrentes. Na América Latina, neste ano, conseguiu suplantar a Argentina e a Colômbia, mas perdeu posições para o México, Chile e Uruguai.

As últimas avaliações trouxeram certo alento, fruto dos investimentos realizados nos planos educacionais, embora os avanços sejam insignificantes diante da qualidade conseguida pelos demais países, avaliados por métodos de difícil acessibilidade. O Brasil, de um patamar muito baixo, foi o terceiro concorrente a registrar oscilações para melhor, alcançando o nível 2 em três áreas: leitura, matemática e ciência. Esse patamar deixou para trás mais da metade dos 20 mil estudantes mobilizados para a aferição do conhecimento.

Ainda assim, 50% dos adolescentes oriundos de escolas públicas alcançam apenas o nível 1. Na prática, isso significa a demonstração de capacidade para encontrar informações explícitas nos textos. Não são analfabetos. Contudo, têm apenas o nível mínimo de habilidade em leitura. Também na matemática, 69% chegam apenas ao nível 1. Em ciências, o fenômeno se repete, com 54% dos examinandos sendo enquadrados no primeiro nível de aprendizagem.

O baixo desempenho demonstrado pelos estudantes matriculados na rede pública se deve, em grande parte, ao desencanto do professorado com as condições materiais de sobrevivência, à falta de métodos eficientes de aprendizagem como a rotina diária de leitura e realização de exercícios de matemática principalmente. Sem apoio em redes de bibliotecas escolares e sem ambiente familiar capaz de estimular a rotina da aprendizagem individual, os jovens perdem tempo e geram conflitos com o modelo de escola.

A superação dessa conjuntura exige a motivação dos diversos públicos do contexto escolar, a atualização tecnológica da escola e o engajamento de todos os seus atores no esforço hercúleo para modernizar os métodos, processos e técnicas de aprendizagem escolar. Fora dessa via, não há outra saída.

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