Texto com função de oração
Por Gabriela Quiles
Hoje parei para pensar em escrever. Ah, escrever! Não apenas uma paixão, nem apenas um desabafo. É tudo aquilo que gostar-se-ia de dizer e não sabe-se como. É o entendimento do estado de espírito do autor, é a compreensão do escritor, sua definição. Seu texto é você, é algo pessoal. Ali, em cada palavra, em cada teoria, é você. Seu texto é o seu mundo, que pode até tentar abranger o mundo dos outros, tentar se pluralizar, mas nunca será inteiramente daqueles. Seu texto é sua possessão. Só você entende totalmente o que ele diz, seus apostos, com quem ele dialoga, a intensidade das emoções que carrega, as abstrações.
Pergunto-me então o que faz um texto bom. A sonoridade, a disposição das palavras, o tema, a opinião, os sentimentos, o desfecho, o início: é tudo uma coisa só. É incrível pensar que a simplicidade de cada letra pode formar um complexo tão grande e profundo num texto. Ele é um emaranhado do futuro, do presente e de um pretérito talvez perfeito, de um pretérito talvez idealizado, porque já passou. Seu texto é seu pensamento, é um artigo que você resolveu definir.
Não me importa o tamanho da dissertação, mas o tamanho do pensamento, do sonho. Não me importa o numeral que as linhas atingem, mas o que querem dizer. Importo-me com o que vem depois do travessão das palavras, e a que interrogações elas podem dar um ponto final. Tanto faz o locutor, sendo um nome próprio, ou um sujeito oculto, desde que seja um agente, e não um acomodado.
O texto é tudo. É a explicação de A a Z, da letra maiúscula até a interjeição. Tudo depende do que você enxerga nele. O texto é a caracterização, o detalhe, mesmo que o vocativo não tenha tantos adjetivos. A prosa é o mundo. O mundo de um sujeito simples, e que talvez nem precise de um objeto, desde que tenha a escrita, esse simples complemento.
Escrito por Mayra Maldjian
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