POLÍTICA, ÉTICA E CIDADANIA
A prática existente do lado de baixo do Equador, onde já se provou haver pecados, até certa medida capitais, experimenta na “República Encantada dos Trópicos” um descrédito merecido e bastante acentuado, diga-se en passant. Nesse teatro dos vampiros, a famigerada “Terra Brasilis” ainda ostenta, ociosamente, o título de cereja do bolo das negociatas inconfessáveis, das alianças políticas inconcebíveis, do desrespeito às instituições e, por fim, da corrupção.
Denúncias surgem, infindáveis, sobre todas as esferas da vida pública nacional. E o “cidadão-eleitor”, em meio a toda essa Babel, como entende a atual orgia ideológica hegemônica em nosso país? E agora, José? Tecendo uma breve análise histórica, é necessário salientar que sempre houve, no Brasil, uma rígida, estrutura socioeconômica, acompanhada por uma política também conservadora. As elites, ainda que tenham sido substituídas por outra são longo dos séculos nove ciclos da cana-de-açúcar, mineração, café, indústria/agronegócio/capital financeiro), jamais abriram espaço para a ascensão da classe trabalhadora rural ou urbana. A sociedade permaneceu, então, excludente e oligárquica, com grande parte dos movimentos de transformação social, quando efetivados, capitaneados por meia dúzia de abastados e suas famílias. Muitos dos vícios deletérios e condenáveis da política brasileira, que ainda encontram “terreno fértil” em rincões das regiões Norte e Nordeste do País (currais eleitorais), derivam de estruturas medievais que alguns insistem em manter. A consequente ideia de impunidade, portanto, associada à classe política, anedótica e proverbialmente considerada nababesca, acaba fazendo com que muitas pessoas se aventurem nessa empreitada justamente para tirar proveito das benesses das quais desfruta um parlamentar.
O exemplo mais emblemático deste ano de eleições é o do Palhaço Tiririca, deputado federal eleito pelo Estado de São Paulo com a maior votação da República. Embora aparentemente engraçadas, tais iniciativas configuram um deboche à democracia e um desserviço ao processo eleitoral, feito por parlapatões que apenas desejam se aproveitar da ignorância de incautos alheios. Sendo a República e a própria democracia brasileiras relativamente recentes e instáveis, com interrupções relativas ao Estado Novo (1937-45) e à Ditadura Militar (1964-85), falta aos governantes, desde a redemocratização, o senso de adequação dos mecanismos constitucionais democráticos e idôneos às atuais necessidades e realidades brasileiras, com a incorporação de valores dignos, corretos e pátrios pela Justiça. Merece destaque, com louvor e como exemplo de intervenção democrática, a iniciativa popular relativa à Lei Ficha Limpa, com o objetivo de moralizar a atual prática política brasileira e coibir pessoas mal-intencionadas na vida pública. Um resgate de valores e de boas práticas políticas passa, necessariamente, pela devida mobilização popular; pela sociedade civil organizada; pela imprensa livre, imparcial e vigilante; por um Executivo ágil e dinâmico; por um Judiciário íntegro e rígido; por um Legislativo operante, que nunca legisle em causa própria.
CARLOS MÁGNO GOMES ROCHA
COLÉGIO FARIAS BRITO ALDEOTA - M23
publicado no JORNAL DO LEITOR - JORNAL O POVO, 30 DE OUTUBRO DE 2010
Denúncias surgem, infindáveis, sobre todas as esferas da vida pública nacional. E o “cidadão-eleitor”, em meio a toda essa Babel, como entende a atual orgia ideológica hegemônica em nosso país? E agora, José? Tecendo uma breve análise histórica, é necessário salientar que sempre houve, no Brasil, uma rígida, estrutura socioeconômica, acompanhada por uma política também conservadora. As elites, ainda que tenham sido substituídas por outra são longo dos séculos nove ciclos da cana-de-açúcar, mineração, café, indústria/agronegócio/capital financeiro), jamais abriram espaço para a ascensão da classe trabalhadora rural ou urbana. A sociedade permaneceu, então, excludente e oligárquica, com grande parte dos movimentos de transformação social, quando efetivados, capitaneados por meia dúzia de abastados e suas famílias. Muitos dos vícios deletérios e condenáveis da política brasileira, que ainda encontram “terreno fértil” em rincões das regiões Norte e Nordeste do País (currais eleitorais), derivam de estruturas medievais que alguns insistem em manter. A consequente ideia de impunidade, portanto, associada à classe política, anedótica e proverbialmente considerada nababesca, acaba fazendo com que muitas pessoas se aventurem nessa empreitada justamente para tirar proveito das benesses das quais desfruta um parlamentar.
O exemplo mais emblemático deste ano de eleições é o do Palhaço Tiririca, deputado federal eleito pelo Estado de São Paulo com a maior votação da República. Embora aparentemente engraçadas, tais iniciativas configuram um deboche à democracia e um desserviço ao processo eleitoral, feito por parlapatões que apenas desejam se aproveitar da ignorância de incautos alheios. Sendo a República e a própria democracia brasileiras relativamente recentes e instáveis, com interrupções relativas ao Estado Novo (1937-45) e à Ditadura Militar (1964-85), falta aos governantes, desde a redemocratização, o senso de adequação dos mecanismos constitucionais democráticos e idôneos às atuais necessidades e realidades brasileiras, com a incorporação de valores dignos, corretos e pátrios pela Justiça. Merece destaque, com louvor e como exemplo de intervenção democrática, a iniciativa popular relativa à Lei Ficha Limpa, com o objetivo de moralizar a atual prática política brasileira e coibir pessoas mal-intencionadas na vida pública. Um resgate de valores e de boas práticas políticas passa, necessariamente, pela devida mobilização popular; pela sociedade civil organizada; pela imprensa livre, imparcial e vigilante; por um Executivo ágil e dinâmico; por um Judiciário íntegro e rígido; por um Legislativo operante, que nunca legisle em causa própria.
CARLOS MÁGNO GOMES ROCHA
COLÉGIO FARIAS BRITO ALDEOTA - M23
publicado no JORNAL DO LEITOR - JORNAL O POVO, 30 DE OUTUBRO DE 2010
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