Questão social
9/6/2010
A violência, na sua forma mais dolorosa e cruel - o homicídio com suas variantes - só terá decrescida a estatística dos índices, quando os governos se conscientizarem e priorizarem a inclusão social. Mais escolas de qualidade, mais postos de saúde, mais áreas de lazer, mais moradias, mais saneamento, mais transportes, mais incentivo às artes, incluindo o artesanato e escolas de música - trariam a médio e a longo prazos frutos de transformação e mudanças comportamentais.O homem é um ser em construção, uma "metamorfose ambulante", como cantava o poeta Raul Seixas. De pouco adiantarão leis penais severas, numeroso efetivo policial, penitenciárias de alta segurança, viaturas dotadas de parafernália eletrônica - se os poderes federal, estaduais e municipais não voltarem as vistas para o equacionamento da questão social, não com palavras e gestos repletos de acenos eleitoreiros. Mas com ação.
A fase agora é propícia para as promessas de campanha. Para as adjetivações e os falsos compromissos. No entanto, todos sabem se menor fosse a ganância e a roubalheira institucionalizadas e menor a vaidade dos governantes, mais recursos seriam disponibilizados no atendimento aos necessitados, para os quais a cidadania é um mito e a justiça uma farsa.
Bastava diminuir o supérfluo dos gastos públicos, a gastança com a manutenção da máquina burocrática ineficiente, as concessões graciosas de benesses, o fim das sinecuras e o "por fora das transações" oficiais.
Investindo em cidadania, é possível criar uma sociedade assentada no respeito mútuo, fundada na solidariedade, no coletivo pelo individual e no individual pelo coletivo. E não só baseada no individualismo hedonista, cuja filosofia consiste em ter, reter e concentrar, indiferente aos reclamos da grave crise social, cuja face mais visível é o crescente aumento dos crimes contra a vida e contra o patrimônio, uns e outros umbilicalmente ligados pelo desejo incontido de também possuir, fomentado pela mídia e pelo sistema consumerista.
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