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1 de maio de 2010

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A visão social de Rachel de Queiroz

Maria Norma Maia Soares
01 Mai 2010 - 03h25min


Comemora-se o centenário de nascimento da ilustre escritora Rachel de Queiroz. Ela mesmo disse certa vez que a humanidade tem por costume fazer um balanço ao completar números redondos, as dezenas. Portanto, ela compreenderia o balanço que todos fazemos.

Uma vida com a produção literária do quilate de Rachel de Queiroz vale a pena ser avaliada seja por especialistas no assunto ou simples amantes da leitura. Essa avaliação, além de nos enriquecer ainda mais, vai nos dar sempre uma nova dimensão de sua grandiosa obra, porque Rachel é plural, sua criação permite uma multiplicidade de aspectos a serem descobertos. Mas Rachel é também singular por ser a única mulher cearense a ter chegado a esse grau de projeção nacional e internacional.

Entre tantos olhares sobre a obra de Rachel gostaria de destacar sua preocupação com o social, mormente no romance O Quinze lançado em 1930, cinco anos após ter concluído o curso pedagógico no Colégio da Imaculada.

Descrevendo o cenário de miséria deixado pela seca no Nordeste, Rachel deixa aflorar seu lado humanista, certamente embasado na educação vicentina que recebera. Seu romance, podemos dizer, é uma denúncia social despojado de todo o misticismo religioso ou político, livre de todo o temor metafísico, como disse Graça Aranha.

Em artigo publicado na revista O Cruzeiro, de 24 de setembro de 1960, intitulado O Santo Vicente, Rachel descreve a vida e obra do grande santo chamando atenção para o tipo de caridade que o fundador dos Lazaristas e das Irmãs de Caridade praticava. Uma caridade direta, feita com amor. Este o diferencial da caridade ensinada por São Vicente que este ano comemoramos 350 anos de morte e glorificação.

Ao dizer em seu artigo que ``São Vicente é um santo que a gente entende, e, como o entende, ama-o melhor que os outros``, a escritora transparece sua admiração pelo santo patrono das obras sociais.

Em resumo, temos na nossa homenageada a marca que recebeu determinante para a consolidação de um estilo que permanece atual, como atual é seu apelo social em seus romances regionalistas, um dos primeiros a tratar dos problemas nordestinos.

MARIA NORMA MAIA SOARES
Coordenadora das Edições UVA

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