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26 de abril de 2010

O QUE HOJE PENSO DA EDUCAÇÃO


APELO AOS PROFESSORES

                Não quero ser o pai da educação nem pretendo dizer a ninguém o que pode e deve ser feito, pois cada um tem sua missão e deve dela fazer sua prática ou pautar suas atitudes. O grande problema da educação hoje está na falta de estímulo que muito de nós não sei por que circunstâncias acabam desenvolvendo no seu trabalho e promovendo uma simples transmissão de culpas ou responsabilidades. Acho que educar é uma arte e não é o salário nem as condições de trabalho que determinam nossa responsabilidade ou compromisso.
                Não posso aceitar de forma alguma alguns tipos de comportamentos que alguns colegas desenvolvem em meio a um processo de destruição da educação que acaba sendo um “prato cheio” para que sejamos desvalorizados, desrespeitados e cada vez agredidos por salários indignos, péssimas condições de trabalho e situação de descaso para com a educação.
                No momento em que algum professor procura desenvolver uma prática diferente ou ousa mudar o tal “feijão com arroz” que todos insistem em manter a atitude de alguns colegas é completamente indigna e beira as raias do desrespeito e da molecagem que simplesmente não condiz com a formação que todos tivemos e que acabamos desenvolvendo no contexto de formação e prática como educadores. Não podemos aceitar que uma atividade desenvolvida por um professor não envolva toda escola e que colegas não prestigiem a atividade dos outros ficando no marasmo de nem fazer nem deixar os outros fazer. Como uma Escola pode se desenvolver desse jeito? Como podemos cobrar de nossos alunos competência , compromisso e cumprimento dos deveres se nem nós o fazemos?
                Talvez a grande crise da educação está em nós mesmos, pois acabamos justificando o péssimo salário que recebemos através de atitudes de desrespeito aos colegas e aos alunos com nossa prepotência e segurança de não podermos ser demitidos e não sermos cobrados fato que concorre para que sejamos cada vez mais desvinculados do trabalho e da dignidade que a profissão de educadores confere. O trabalho pedagógico deveria ser coletivo, a educação deveria ser uma construção, a escola deveria ser um espaço democrático e de troca de experiências. O triste é que para muitos o que hoje tento fazer na escola é papel de otário , de sonhador ou de idiota, no entanto acho que devo fazer e faço pois tenho medo de pecar por omissão.
                A situação de nossa classe é resultado de nosso própria prática como cidadãos pois acabamos desenvolvendo um descrédito em nós mesmos e nos nossos colegas que ao fazerem são tachados de pessoas que querem apenas aparecer. Acho que não sou a pessoa ideal para dar conselhos, mas precisamos mudar nossa prática , pois vem aí uma explosão social que será  a cobrança de nossa inoperância, nosso marasmo e nosso desrespeitos pelos alunos que são violentos, são malcheirosos, tem piolho, tem roupas sujas, mas são seres humanos que tem o poder de mudança que certamente a escola poderia desenvolver. Acho que somos covardes por isso acabamos deixando eles que fazem o poder nos transformar em vítimas de nossa própria covardia que está por aí nos sinais, nas esquinas e nos muros da violência que nós ajudamos a construir com nossa falta de compromisso, de estudo e de senso de cidadania que tanto pregamos e acabamos não desenvolvendo em momento algum.
                O apelo é sejamos mais humanos a ética e o respeito não estão  nos dogmas religiosos nem na formação acadêmica , está em nós mesmos então vamos tentar desenvolve – la. O mundo irá nos cobrar e o inferno não está no infinito está em nossas atitudes que certamente serão julgadas por aqueles jovens violentos que nossa omissão está ajudando a formar.

FRANCISCO DJACYR SILVA DE SOUZA, MESTRE EM EDUCAÇÃO, PROFESSOR E IDIOTA...

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