Saúde do Educador: prevenção é o melhor caminho
Duas palestras deram prosseguimento ao I Seminário Nacional Saúde dos Trabalhadores em Educação na tarde desta quarta-feira (18), no auditório da CNTE, em Brasília. Clayton Assis Lopes Fontoura, terapeuta ocupacional, abordou as Doenças Profissionais, e Roberto Heloani, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Assédio Moral nas Escolas.
O professor Clayton Assis Lopes Fontoura destacou que as pessoas que passaram ou estão no setor educacional sabem que os problemas relacionados à saúde existem, mas é preciso apostar na qualidade de vida. Segundo Clayton, devido ao grande número de atividades, muitos educadores não se preocupam com a saúde e adoecem, por isso é necessário um trabalho preventivo.
Patologias como lordose lombar ou cervical, varizes, bursite, asma, alergias e problemas nas articulações são provocadas ao ministrar aula por tempo prolongado em pé, uma vez que gera sobrecarga na coluna e fadiga na musculatura. Os sintomas de LER/DORT passam a se manifestar por causa da falta de postura ao escrever no quadro, os transtornos da voz acontecem em decorrência da carga horária muito elevada e os casos de Burnout, depressão e estresse ocorrem devido à falta de motivação, baixa realização profissional, entre outros.
“Algumas estratégias podem ser usadas pelos professores como prevenção: realizar atividades de relaxamento, técnicas de respiração e de meditação, automassagem e práticas integrativas e complementares como reiki, bioenergia, cromoterapia, terapia floral, acupuntura auricular, entre outros”, citou Fontoura.
O terapeuta salientou que, de vez em quando, é bom sair da rotina e buscar o equilíbrio, pisar na grama, viajar, cuidar da alimentação e do corpo e fortalecer os vínculos de amizade. Resumindo: “é importante repensar conceitos e reorganizar o tempo para se ter qualidade de vida”, finalizou.
Quanto ao tema Assédio Moral, o professor Roberto Heloani, da Unicamp, disse que cada vez mais, escolas e universidades exigem que o indivíduo se torne um cooperado, com isso ele acaba abrindo mão de seus direitos. “Isso gera uma sensação de que o professor tem que ser um pouco de tudo, o perfeito, o magnífico, o que leva ao individualismo”, acrescentou.
Por outro lado, Roberto Heloani lembrou que aumentou a participação da mulher no setor educacional, mas que ela ainda enfrenta o problema da discriminação salarial. Mesmo sendo mais qualificadas, muitas vezes recebem salários menores.
O professor da Unicamp também questionou o papel da escola. Segundo ele, a escola não substitui pai nem mãe, e o professor não é babá, mas recebe pressão de todos os lados.
Quanto ao assédio moral entre aluno e professor, enfatizou que hoje, até nos sites de relacionamento, existem comunidades virtuais do tipo “Eu já bati na minha professora”. Além disso, o profissional de educação enfrenta agressões verbais (palavrões, difamações, injúrias, bilhetes ofensivos e pichações), agressões físicas (gestos obscenos, socos) e convive com alunos armadas em sala de aula. Diante desses problemas, é impossível, na opinião e Heloani, não ter professor descontente que entre em Burnout e depressão.
Ele declarou ainda que um outro fator preocupante e que está aumentando, é o assédio moral entre alunos. São muitos os casos de roubo de mochilas, fofocas para destruir a imagem do colega, agressão sexual no banheiro, insultos contínuos, agressão física e perseguição por um ou mais colegas.
Ao concluir, Roberto Heloani destacou que na construção contra a violência é preciso o envolvimento da comunidade, da segurança pública, da imprensa, além de promover atividades como teatro, debates e palestras, e construir grupos de responsabilidade. “Se a gente colocar essas questões será possível trabalhar e resgatar a dignidade que infelizmente foi perdida”.
Na parte da manhã, foram debatidos os temas Nexo Técnico Epidemiológico, com o diretor de Saúde e Segurança Ocupacional do Ministério da Previdência, Remígio Todescini, e a Visão das Centrais Sindicais sobre a Saúde dos Trabalhadores, conduzido pelo diretor executivo da CUT Nacional, Dary Beck Filho e pela dirigente Nacional da CTB, Marilene Betros.
(Fonte: CNTE – 18/11/09)
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