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13 de outubro de 2009

uma leitura para sua reflexão...

PEQUENOS ERROS, IMENSO DESASTRE

Em muitas coisas Chile e Brasil se aproximam. Não apenas as contingências de se apresentarem na mesma parte do mundo, viveram também uma história antiga e recente não muito diferente. Mas, há naquele país uma sensível diferença que acorda inveja a todos os brasileiros: No Chile se desenvolve uma educação pública de qualidade, muito acima da média da educação pública praticada no Brasil. A diferença é menos marcante pela forma como se apresenta lá e aqui o ensino e mais, muito mais, pelos efeitos e consciências dessa educação.

O Chile apresenta índices de escolaridade muito acima que o nosso e o mundo inteiro aplaude seu progresso notável como produto de uma educação pública de qualidade. Mas, o que faz o professor chileno em sua sala de aula, que o brasileiro não faz? Será que poderíamos absorver desse país, novas maneiras de se ensinar? O caráter afirmativo da segunda questão explica a primeira e assim qualquer professor brasileiro, em escola pública ou particular, poderia ministrar aulas segundo o excelente modelo chileno, desde que ousasse empreender algumas mudanças. Simples, mas de resultados claramente assegurados. Vamos, pois, a elas.

A MANEIRA DE SE ACREDITAR NA CIÊNCIA

A Lei da Gravidade, por exemplo, não é “mais ou menos” aceitável, a evolução da espécie humana não representa hipótese de aceitação restrita. Em Ciência não existe intuição e achismo e sim a verdade que confirma ou que desmente a hipótese e, portanto, se é essencial ensinar um fato cientifico é importante que alunos professores percebam que estão diante de evidências e que o bom senso implica em aceitá-las.

No Chile o ensino das Ciências transita pelo belo caminho das leis, das pesquisas, das especulações e da realidade que se faz verdade e não pelo senso oportunista de se aceitar proposições que não científicas “respeitam o direito de pensar de cada um”.

A MANEIRA DE SE PENSAR A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DAS SÉRIES INICIAIS

Para os pacientes que apresentam maior gravidade em sua patologia é essencial que os assistam os médicos mais competentes. Essa realidade singela, mas realista, que é um dos princípios básicos da medicina vale para a educação chilena, mas é um mito para a educação brasileira. Infelizmente costumamos pensar que quanto mais elementar o nível de informações de um aluno, mas alto pode ser o despreparo de seu professor. Isso é um absurdo, pois é nos primeiros anos de vida que o cérebro mais humano de desenvolve e, portanto, mais requer quem melhor o compreenda e quem de forma mais profissional o estimule. Para os níveis mais elevados de uma pós-graduação, o aluno pode dispensar a ajuda eficiente de um grande mestre, para as séries iniciais jamais.

A MANEIRA DE SE TRABALHAR MÉTODOS DE ENSINO

Nada menos que oito em cada dez professores brasileiros se tivessem que definir o método de ensino que desenvolvem deveriam chamá-lo de “decoreba” ou, de forma mais atualizada, "mnemônico". Esse fundamento, tão antigo quanto as aulas ministradas por Anchieta, impõem aos alunos a repetição do que fala o professor, sem qualquer necessidade de imprimir vocabulário próprio e específico a essa repetição. Quem sabe significativamente, sabe dizer o que sabe de muitas maneiras, mas não é esse o saber de nossos alunos da escola pública que, quando pensam que sabem, sabem repetir sentenças sem vinculá-las a sua realidade, sem fazer dessa aprendizagem um caminho para descobertas de outros saberes. Uma aprendizagem nesse estilo não serve para quase nada, não explora a capacidade de análise e síntese, não impõe análise crítica a generalizações, não aprimora competências. O estudante absorve informações não porque aprenderam analisá-las a luz da razão.

A MANEIRA DE SE PENSAR EM ESTÍMULOS A CRIATIVIDADE

Criatividade é palavra exaltada em todas as escolas do país. Não há quem a condene e nem mesmo quem ponha em dúvida sua importância, mas são poucos os professores que sabem realmente explorar e potencializar a criatividade de seus alunos. Na maior parte das vezes confunde-se criatividade com improvisação e se exalta o aluno que faz coisas de maneira diferente, ainda que faça besteiras e que essa sua maneira original de fazer não tenha qualquer validade. A verdadeira criatividade, todos sabemos, está sempre na base da investigação científica e não se conhece gênio humano que não tenha sido criativo em uma ou várias linguagens, mas uma escola que a explore precisa de professores que conheçam os fundamentos neurocientíficos de sua eclosão e desenvolvimento e, assim, possam a estimular a mente como em boas aulas de Educação Física se fortalecem os músculos. Laboratórios de Criatividade são mais baratos e bem mais eficientes que Salas de Computação que permanecem fechadas por falta de técnicos.

Não se buscou nesta síntese, afirmar que todas as escolas chilenas são melhores que todas as escolas públicas brasileiras e nem mesmo se acreditar que também lá não existam os erros que aqui se buscou sintetizar. A diferença maior se coloca em dois pontos cruciais: o primeiro é aferir que escolas retrógradas são minoria lá e maioria aqui e, talvez mesmo por essa razão, existe pensamento e vontade de transformá-las lá e de ignorá-la por aqui.
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