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29 de maio de 2009

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Cobertura da educação parece noticiário policial
Atualizado em 27 de maio de 2009 às 21:46
Publicado em 27 de maio de 2009 às 21:44
Ação na Mídia
Cobertura da educação se aproxima do noticiário policial no Observatório da EducaçãoQua, 27 de Maio de 2009 22:00A educação paulista voltou a ocupar espaço na mídia nacional. No período de 12 a 25 de maio, ganhou destaque a divulgação, feita pela Folha de S. Paulo (19/5), da distribuição, para alunos de 3ª série, de um material paradidático inadequado para a idade dos estudantes.Os desdobramentos foram amplamente repercutidos por outros veículos (Jornal da Tarde (20 e 21), Correio Braziliense (20); Folha de S. Paulo (22), Revista IstoÉ, 27), e o caso foi encerrado com a promessa do secretário de Educação de São Paulo de apurar e punir responsáveis, além da investigação do Ministério Público Estadual.Outro acontecimento que ganhou espaço na imprensa nacional (O Globo, Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo, Jornal da Tarde, em 15 e 16) foi a depredação de uma escola estadual por seus alunos, depois que a polícia retirou dois estudantes acusados de terem “invadido” a unidade e lá estarem “fumando maconha” (O Estado de S.Paulo) ou “passando drogas” (Folha de S.Paulo).Versão oficialA cobertura do episódio deixou a desejar. Alguns textos “compraram” a versão oficial sobre um “histórico de envolvimento com drogas” na escola, para justificar o fato de a direção ter chamado a polícia, bem como a ação desta na unidade escolar.O vocabulário utilizado igualou a cobertura da educação ao noticiário policial, e estudantes e escola pública foram criminalizados. Ainda que fumar maconha seja ilícito, existe uma grande diferença entre dois adolescentes supostamente consumindo a droga e a ação do tráfico. Da mesma forma, pular o muro da escola não é recomendável, mas não pode ser comparado a uma “invasão”.Impressionou também a falta de vigor nos questionamentos feitos ao poder público. Se “a secretaria admite” problemas anteriores da escola com drogas ilícitas, o que ela fez para apoiar a comunidade escolar?Não convenceu a relação que se tentou estabelecer entre as festas (classificadas de “baladas”) organizadas no período noturno e o tal envolvimento com drogas ilícitas. No entanto, destacar a realização das festas foi muito oportuno para demonstrar o quanto as comunidades escolares estão entregues à sua própria sorte. Constatação que também pode ser feita no evento da distribuição da revista em quadrinhos.DesinformaçãoIncrivelmente, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE) diz que não sabia das festas, mesmo tratando-se de um evento que, pela descrição feita, mobiliza a comunidade, assim como não sabe quem comprou os quadrinhos inadequados. A produção de reportagens sobre a responsabilidade e relação estabelecidas entre os órgãos burocráticos e as escolas seria muito bem-vinda. Afinal, qual é o papel de cada uma das instâncias dos sistemas públicos de educação, estaduais e municipais?No caso da rede estadual paulista, as reportagens poderiam destacar uma aparente contradição. De um lado, a SEE vem sendo acusada de centralizadora e de desrespeitar a autonomia escolar, distribuindo material didático que tenta padronizar conteúdos.De outro lado, parece haver uma completa omissão ou incapacidade em orientar o funcionamento das escolas, como demonstram os episódios em questão.Por fim, fica a sugestão para que os profissionais da imprensa atentem para a cobertura do “pacote” que o governo estadual deve lançar em resposta ao que vem sendo chamado de “violência” escolar. As ações já anunciadas, como a instalação de câmeras, parecem seguir a tendência de deslocar os conflitos nas escolas do campo educativo para o da segurança pública. Sempre bom lembrar que escolas públicas não são prisões.
PUBLICADO ORIGINALMENTE www.viomundo.com.br

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