MÍDIA & EDUCAÇÃO A culpa é dos professores Por José Alexandre Silva em 5/10/2010 | |
Vemos grande demonstração de preconceito e ignorância com a Educação em Época (20/09/2010), no artigo "Onde está o programa de governo do futuro presidente?", que cobra dos candidatos Dilma e Serra um plano de governo. "São contra ou a favor de demitir os professores incompetentes para melhorar a qualidade do ensino público?" Uma demonstração cabal de que o semanário se afilia a quem culpabiliza os professores pelas mazelas do ensino público. Sobrecarregar esses mesmos com uma carga de trabalho sobre-humana e achatar seus salários foi a opção do Brasil nos últimos anos. Culpar os professores pela má qualidade do ensino que essas políticas educacionais acarretaram tem cabido à grande mídia e Época não fica de fora. Em "A loteria do ensino público" (Época, 27/09/2010), é comentado Waiting for Superman, o novo documentário do cineasta Davis Guggenheim. O filme trata da história de jovens e crianças que disputam, por sorteio, vagas nas escolas públicas com suposta maior qualidade nos EUA. A reportagem compara o ensino público estadunidense com o brasileiro que sofre do mesmo mal, a proteção corporativista dos sindicatos aos maus professores. Vejamos: Em "Professores do futuro são maus alunos de hoje", Gazeta do Povo, 25/09/2009, temos a informação que: O Brasileiro Soleiman Dias, que foi lecionar na Coreia do Sul, entrevistado na reportagem "Países com melhores sistemas de ensino podem inspirar soluções" (Nova Escola edição 216, de 10/2008), fornece um dado revelador sobre a questão acima: "Aqui, um recém-formado recebe 4 mil reais por mês. Além disso, tenho três meses de férias, muito mais do que os 12 dias a que outros profissionais têm direito (…)." Qualquer professor de escola pública pode afirmar que um iniciante dificilmente alcança 50% da quantia acima como salário no Brasil. Culpar os professores pela má qualidade do ensino e tergiversar sobre adotar no Brasil as políticas educacionais que deram certo na Coreia do Sul ou na Finlândia sem condições semelhantes de trabalho tem sido recorrente na grande mídia. Resta saber o motivo para esse segmento da imprensa não apregoar também a adoção da política salarial desses países. publicado originalmente no site www.observatoriodaimprensa.com.br |
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