O Enem no Ceará
01/07/2010 02:00
A Uece iniciou, em 27/6/10, o seu segundo vestibular do ano, com a oferta de 1.730 vagas, distribuídas nos “campi” de Fortaleza, Itapipoca, Crateús, Limoeiro do Norte, Iguatu e Quixadá, para as quais há uma concorrência de 6,0 candidatos por vaga. Diferentemente da UFC e da UVA, que, no começo de 2010, decidiram adotar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), conduzido pelo Inep/MEC, como a forma única de admissão nessas universidades, e para a qual disponibilizaram todas as suas vagas, extensivas a todo o país, abolindo o tradicional vestibular, por elas aplicados, a Uece resistiu ao assédio federal, mantendo o seu próprio vestibular.
O canto de sedução entoado por dirigentes do MEC, acompanhado de promissoras e tentadoras compensações, não foi suficiente para justificar a adesão ueceana ao Enem, dobrando-se, assim, aos afagos brasilienses.
A decisão da Uece não foi condicionada a qualquer tipo de barganha ou intento de vender mais caro a sua aderência ao processo seletivo de abrangência nacional. Em que pese fulminar componentes da cultura regional e local, o Enem ostenta algumas vantagens pedagógicas, do ponto de vista da avaliação, porquanto favorece mais a capacidade de raciocínio do candidato, minimizando os efeitos da memorização, e, com isso, privilegia a competência na interpretação e na solução de problemas reais, resultando em maior poder discriminatório dos testes.
A Uece, tal como a Urca, que também não aderiu ao Enem, agiram com prudência, ao rechaçar uma empreitada de risco, cuja logística pela extensão territorial do Brasil e suas particularidades, revela elos de vulnerabilidade, bastando que um deles se rompa, para quebrar toda a corrente, em cadeia, como aconteceu, no ano pretérito, quando o sigilo da prova foi violado no centro de produção, causando um prejuízo material, financeiro e, sobretudo, moral. Em suma: basta uma canoa, portando provas, virar em um igarapé da Amazônia
Marcelo Gurgel Carlos da Silva - Professor titular da Uece
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